sábado, 14 de novembro de 2009

Legalidade não chega! Ética, senhores!

As leis nunca são perfeitas, já se sabe, e há sempre quem esteja pronto a desvirtuar o seu espírito, cumprindo-a à letra. Ocorre-me sempre o caso daquela equipa de ciclismo que dopava os seus ciclistas cirurgicamente para as concentrações das substâncias proibidas estarem sempre ligeiramente abaixo dos limites da lei, esquecendo completamente que assim estava a comprometer a saúde dos seus atletas. Era legal, mas não era obviamente ético. E às vezes falhava, ultrapassavam-se os limites...
Dizia o antigo ministro Pina Moura que a ética é a lei. Mas não é. A ética está no plano dos valores, que toda a gente entende, independentemente dos meandros das leis.
Usar o dinheiro de uma empresa pública para adquirir a um valor várias vezes superior ao valor de mercado um qualquer serviço, pode até ser legal, se tiverem sido cumpridas as regras que condicionam a aquisição de serviços por parte das empresas públicas, mas não é ético.
Usar o dinheiro de um banco para adquirir empresas por valores perfeitamente exorbitantes ou para conceder empréstimos de interesse duvidoso, pode ser legal, se tiverem sido cumpridos os regulamentos respectivos, mas não será certamente ético.
Como não será usar o dinheiro das autarquias em obras desnecessárias, ou autorizar a construção de edifícios que são verdadeiros atentados ao bom senso, por exemplo.
Fica sempre o manto da suspeita, dos interesses privados, do enriquecimento ilícito, do financiamento do futebol ou dos partidos.
É por isso que estou farto desta conversa de legalidade, legalidade, legalidade. Legalidade não chega! Ética, senhores!

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