domingo, 23 de setembro de 2012

Nada mudou!

Um País não são os comentadores políticos, não são os jornalistas, são as pessoas!
Que votam, que escolhem os seus representantes políticos, e que depois não vêem as promessas eleitorais cumpridas, mas sim um País endividado, empobrecido, mal gerido, desorientado, sem uma alternativa de esperança.
São dezenas de anos de erros acumulados, praticados por quem conhecemos, à frente de todos, de nós e dos órgãos que escolhemos para fiscalizar, para investigar, para identificar e julgar quem prevarica.
Ficamos assim nas mãos dos credores, a quem nem sequer podemos dizer que não pagamos, pois no dia seguinte vamos precisar do seu dinheiro outra vez.
Realmente, poder, podemos! Desde que nos libertemos do Euro, fazendo voltar o escudo, ou outra moeda qualquer que não se esgote, que até podia ser o yuan, e que chegue para todos. Perderiam todos os que não têm economias, ou que têm economias no País, que instantâneamente passariam a ganhar menos uns 40% do que ganham hoje, sem dor, possivelmente com uma sensação de enriquecimento, completamente falsa, pois todos os produtos oriundos da zona Euro encareceriam pelo menos esses mesmos 40%.
Se não é isso que queremos, então nada mudou!
Continua a ser preciso equilibrar o orçamento tão depressa quanto possível, apostar na educação, mudar mentalidades, ajudar as empresas mais preparadas a virar-se para a exportação, atrair investimento estrangeiro, reduzir os encargos da dívida, reduzir as rendas das PPP com a mesma coragem com que se reduziram salários e pensões, definir um pacote fiscal justo, explicá-lo, e vêrmo-nos livres da Troika, de uma vez por todas.
Mas só uma equipa governamental forte, com uma visão estratégica do País real, que lidere, que tenha o apoio dos eleitores, que ouça, que seja eticamente irrepreensível, que fique ao lado dos mais fracos, poderá ter êxito.
Em homenagem a um povo que numa geração foi ao Inferno e voltou, deixo aqui uma recordação de uma visita recente que fiz a Berlim

From Berlin 2012

em que se vê, à esquerda, o antigo parlamento, com a cúpula de vidro de Frank Lloyd Wright, e à direita, o novo parlamento, unindo simbolicamente as duas margens do Spree, que aqui dividia Berlim. Só aqui, sete berlinenses perderam a vida ao tentar escapar a nado para o lado ocidental.
Aqui sim, tudo mudou.

domingo, 16 de setembro de 2012

Tirem-nos daqui!

Portugal vive horas difíceis, como sempre!
Se pensarmos bem, nunca ao longo da nossa história, tivemos um período com a duração de uma vida sem grandes problemas, sem grandes tragédias.
O que há de doloroso na hora actual é terem decorridos 38 anos depois do 25 de Abril, é termos posto termo a uma guerra colonial sem sentido, é estarmos na Europa comunitária de pleno direito há mais de 25 anos, é termos recebido fundos comunitários imensos, e continuarmos na cauda da Europa, na cauda dos países desenvolvidos, como ainda recentemente o Wall Street Journal retratou, num artigo que nos envergonha, em nos aponta como os cábulas da Europa!
Realmente, é completamente incompreensível que no final da primeira década do século XXI, em Portugal, mais de 70% dos habitantes entre os 25 e os 64 anos não tenham completado o ensino secundário, o que nos coloca atrás do México e da Turquia, por exemplo.
Culpa dos anteriores governos, que têm nomes, Cavaco, Guterres, Durão, Santana, Sócrates, que defraudaram completamente quem acreditou nas suas promessas, e que esbanjaram a nossa riqueza em negócios criminosos, em obras megalómanas, em máquinas partidárias, no crédito fácil, sem cuidar do essencial, da justiça à segurança social, da saúde ao combate à corrupção, e sem travar a batalha essencial, a da educação, sem a qual nunca sairemos do grau zero do desenvolvimento.
Enquanto esta batalha não for vencida, e vai demorar muitos anos, continuaremos a ser um país de pessoas que não têm mais do que a sua disponibilidade para trabalhar, e que, por isso, pedem emprego, sem sequer pensar que aquilo que realmente sabem fazer já de pouco serve, num mundo que mudou sem sequer darem conta!
Como sair daqui?
Sair do Euro, ou mesmo ter duas moedas, não é solução, especialmente para os mais novos, que estudaram, que querem justamente ser europeus, ser cidadãos do mundo, afirmar as suas capacidades, derrotar o ónus de terem nascido neste pobre País, que não dá valor à educação, ao contrato social que nos deveria unir.
Resta-nos, assim, ser europeus, assumir essa identidade, e escolher um caminho de progresso entre os estreitos limites que os nossos credores justamente nos impõem.
Só sairemos daqui com um governo competente, que saiba negociar na Europa, que não queira ser o "bom aluno" envergonhado, sem voz, mas o parceiro para uma Europa melhor, porque os números que nos envergonham também envergonham a Europa.
E um governo livre, que não tenha na sua constituição quem nos conduziu à situação em que estamos, que restaure a independência nacional, nomeadamente a económica, que negoceie as rendas (PPP, juros, amortização da dívida) em bases realistas, e que ganhe os cidadãos para esse projecto.
E que invista tudo na Educação!