quarta-feira, 27 de outubro de 2010

À deriva

Sem parlamento, sem presidente, sem justiça, sem governo, sem oposição, sem orçamento, completamente à deriva, nas mãos de partidos que jogam com o nosso destino, dos grupos económicos, das PPP, do estado paralelo, dos mercados, dos interesses, ignorantes, incultos, longe de tudo, devemos estar a bater no fundo. Depois, ou ficamos lá ou subimos devagarinho.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

200,482

200,482 Escudos por um Euro. Terá sido uma boa ideia? Em 1 de Janeiro de 1999 assim parecia, mas hoje nem por isso.
Já não me recordo que estudos suportaram aquele valor, mas a verdade é que instantaneamente os nossos próprios produtos ficaram caros e pouco competitivos, e começamos a importar em vez de produzir carne, leite, produtos agrícolas, reduzindo à pobreza, à dependência do Estado Social, milhares e milhares de portugueses.
Pensemos bem. Imaginemos que um litro de leite valia 80 Escudos. Passou a valer 40 cêntimos de Euro. Se a taxa de conversão tivesse sido, por exemplo, 250 Escudos por Euro, então teria passado a valer 32 cêntimos de Euro. Se na Espanha, aqui ao lado, valesse 36 cêntimos, no primeiro caso seríamos tentados a importar em vez de produzir, e no segundo iríamos produzir para exportar e ganhar dinheiro. É este o problema.
Teríamos ficado a ganhar menos em 1999, mas seguramente que já teríamos recuperado, com o crescimento da economia, com o menor peso do Estado Social, com a maior competitividade.
Reduzir agora os salários acaba por ser tentar rever aquela taxa de conversão. Só que já se causaram demasiados estragos. Irreversíveis!
Como é que tantos políticos, tantos especialistas, deixam que isto aconteça. Em nome de quê?

Nem sei se fale disto...

Tenho procurado não falar da crise que nos cerca, e da nossa incapacidade de lhe dar resposta.
Estou convencido de que temos aqui um problema muito sério, que vai ter uma solução dura, radical, nos tempos mais próximos.
Esta ideia de termos uma moeda única como nos Estados Unidos, sem sermos os Estados Unidos, é geradora de problemas muito complicados.
Lá, realmente, os Estados mais ricos e os Estados mais pobres usam o mesmo dólar e o sistema funciona, mas aquilo é um País, com um governo federal, com outras tradições, com cada americano habituado a lutar dólar a dólar, a arriscar, a ganhar e a perder e a voltar outra vez, com instituições nacionais, sem Bruxelas, sem Frankfurt, sem PIGS, sem Países ricos cujos bancos emprestaram à fartazana aos países pobres e agora querem que estes paguem os empréstimos com outros empréstimos mais gravosos.
Nós somos gente simples, que não percebe nada desses produtos financeiros complexos, que gastamos porque nos emprestaram aceitando as garantias que demos. Enganaram-se nas contas. E agora?
O bom seria não continuarmos a enganar-nos uns aos outros mais tempo. Seria sabermos o que realmente nos espera e quais são as alternativas, e decidirmos colectivamente, patrioticamente, o que queremos.
Podemos sair do Euro, e termos uma moedazinha para desvalorizar. Podemos ver a nossa economia ser absorvida por uma outra e com ela a nossa independência. Nem teria que ser a Espanha. Porque o principal, sermos um País de cidadãos formados e informados, isso vai demorar muito, muito tempo.
Precisamos de começar por encontrar os bons políticos, e esses são como o bom vinho, ou os golos do Ronaldo, só aparecem quando aparecem.
Nem sei...