sábado, 8 de junho de 2013

A espera

E aqui estamos nós, em pleno século XXI, dois anos depois do resgate, à espera! De quê? Ninguém sabe. Provavelmente à espera de alguém que saiba de que estamos à espera!
E cada dia a situação vai-se agravando, empresas fecham, desemprego cresce, dívida aumenta, jovens fogem, tudo se degrada, e não há ideias, não há projectos, não há uma luz, uma esperança, uma certeza, um sinal, que nos anime, que nos diga que estamos no caminho certo.
E cada dia cresce em nós a necessidade de mudar, custe o que custar, de romper com este marasmo, de começar de novo, com outra gente, de mãos limpas, como outras vezes fizemos na nossa História.
Vai acontecer, fatalmente, mais cedo ou mais tarde.
Barabási, no seu livro Bursts, em que estuda os padrões de comportamento humano, retrata a espera como um estado em que a acção desbloqueadora se vai impondo, até atingir um nível de prioridade que a desencadeie, até que se esgote a paciência, diria eu.
Há uns tempos, num dia de muita chuva, fiquei preso num engarrafamento de trânsito, porque numa determinada rotunda o piso tinha aluído. Tudo parou, não apareceu nenhum agente de trânsito, até que, passado uma meia hora, alguém tomou a iniciativa de forçar a circulação nos dois sentidos na parte utilizável da rotunda, e o problema resolveu-se. Como previra Barabási, o mecanismo das prioridades dinâmicas funcionou!
No País, continuamos aparentemente à espera. Mas o tempo passa, e as nossas prioridades vão sendo ajustadas continuamente. Os poderes instituídos devem sabê-lo. Ou não?