segunda-feira, 21 de julho de 2014

O logro da tecnologia

O discurso de hoje, aquilo que a maior parte das pessoas pensa e diz, a todos os níveis, esquece que a tecnologia é um produto da mente humana, e deve estar ao seu serviço.
Pelo contrário, as pessoas aparecem como que "escravas" da tecnologia, do seu uso, independentemente da utilidade que lhe atribuam, e desvirtuando completamente a noção de tecnologia como servindo de apoio à sua actividade.
Encontro todos os dias casos deste endeusamento da tecnologia, com consequências e custos gravíssimos, ainda por cima mal compreendidos pelos fautores dos excessos.
As tecnologias educativas serão um dos exemplos que melhor conheço, mas poderíamos falar também das tecnologias médicas, por exemplo.
A confluência de vendedores de produtos tecnologicamente "avançados" com utilizadores com expectativa de melhorar a forma como realizam as as suas tarefas profissionais, e com o dinheiro de terceiros, normalmente dos nossos impostos, produz uma mistura explosiva, de que tanto pode resultar distribuir milhares de quadros interactivos multimédia pelas nossas escolas do ensino básico e secundário, ou computadores pelos nossos tribunais, ou equipamentos que nunca serão utilizados por certos hospitais.


E assim, hoje, não se olha para o doente, prescreve-se uma bateria de exames, não se ensina aos estudantes a vantagem de um suporte visual para comunicar com uma audiência, ensina-se Prezi acefalamente, porque é moda, não se pensa como despertar o pensamento computacional nos nossos miúdos, dá-se-lhes Scratch.
No entanto, a tecnologia é absolutamente indispensável para que possamos deixar de ser um País de escravos dos processos, da produção, da produtividade, para sermos um País da criatividade e da concepção, da valorização dos nossos recursos.
Só que este pequeno clique, esta mudança de mindset, requere que se pense, que se compreenda que as nossas atitudes, as nossas decisões, estão para além de todos os decretos do governo, mas resultam do exemplo, da influência, das redes, da vontade de perceber, e é isso que falta.
A tecnologia vem logo a seguir.