sábado, 11 de fevereiro de 2017

Um novo sistema político

Precisamos de um novo sistema político, mais leve, que aproxime os eleitos dos eleitores, sem a intermediação perniciosa dos partidos.
Os partidos, todos, diria, consideram que os eleitos são seus representantes, pessoas às suas ordens, que se devem limitar a proceder e a votar de acordo com as directivas que recebem, sem discutir, sem direito a voz própria.
Mas os eleitos, com programas, representam os seus eleitores, e não os partidos, e devem ser julgados, individualmente, pelo que fizeram, ou deixaram de fazer, no fim de cada mandato.
Os eleitos podem, ou devem, diria, estar comprometidos com ideias ou programas de partidos, que ajudem a formar correntes de opinião e ajudar a discussão. Mas só isso.
Admiro o sistema inglês. O país está dividido em circunscrições eleitorais, tantas quantas os membros do parlamento, e cada uma elege o seu. A uma volta, ponto final. Se falecer, se ficar impedido, elege-se outro. Não há suplentes, não há listas, não há políticos à boleia.
Costuma apontar-se que este sistema de listas uni-nominais, sem segunda volta, concentra os votos em dois partidos, como se fosse o sistema que condiciona os eleitores e não os eleitores que usam o sistema. Mas nada é mais falso. Basta ver quantos partidos participaram nos debates eleitorais nas últimas eleições gerais, e a composição dos últimos parlamentos.
Esta pureza do voto representativo, o meu membro do parlamento, eleito sem segunda volta, sem arranjos, existe desde a Magna Carta, com pequenas variações, e está na base da rejeição pelos ingleses do parlamento europeu, dos parlamentares eleitos por listas, e dos comissários europeus, gente que nem sequer foi submetida a um escrutínio.
Sou daqueles que há muito tempo defende a adopção deste sistema em Portugal, sem círculos nacionais, ou outras heranças da partidocracia reinante.
Vivi alguns anos em Inglaterra. Assisti a grandes batalhas eleitorais. Vi a senhora Thatcher ser eleita. Vi o sistema em pleno funcionamento. E não tenho dúvida que seríamos muito melhor governados.