segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O mensageiro da desgraça

É certo que no passado fizemos muitas asneiras, muitíssimas asneiras, que isso nos vai custar caro, mas não percebo onde quer chegar o nosso profeta da desgraça. Recuar no tempo? Não diz. Só diz que já disse.
Hoje, no programa "Olhos nos olhos", na TVI 24, coube à Dra. Maria João Valente Rosa, demógrafa, que dirige o fantástico projecto Pordata, contracenar com o Dr. Medina Carreira.
Tentou explicar direitinho o que é isso do "problema" demográfico, mas sem grande sucesso, perante a obsessão de MC pelos fantasmas do envelhecimento e do "desemprego", que o impede de compreender que estamos perante factos irreversíveis na sociedade de hoje.
A demografia não vai inverter-se, a sociedade vai envelhecer, vamos ter de falar de uma quarta idade, de reformas a tempo parcial, e não vai haver trabalho para todos, se não o repartirmos melhor! Não podemos ao mesmo tempo mecanizar a produção, para aliviar o esforço humano, e continuar a manter os postos de trabalho anteriores!
A chave é a repartição do trabalho por todos, trabalhando todos menos, distribuindo-se melhor os rendimentos do trabalho, e tendo todos maior qualidade de vida. Este é que é o projecto. Difícil? Sim. Mas é o que nos resta. Do mesmo modo que só nos resta o futuro para trabalharmos. O passado passou!
E este é o grande desafio dos governos europeus hoje.


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Como?

Hoje estive a olhar para o Relatório do Desenvolvimento Humano 2011, das Nações Unidas, e nomeadamente para o índice média de anos de escolaridade dos adultos maiores de 25 anos. Esclarecedor. Estamos em 41º lugar, com 7.7 anos em 2011, enquanto que, por exemplo, os gregos estão em 29º, com 10.1 anos.
Por outro lado, em 1980 estavamos com 4.8 anos (!) e Espanha com 5.0, mas a Espanha mais do que duplicou para 10.4 em 2011, o que lhe dá o 22º lugar, enquanto que nós marcamos passo. A Itália está em 24º e a Irlanda está em 7º!
Quando não apostamos decisivamente na formação, de professores, dos mais novos, comprometemos o nosso futuro. Porque governar um País é criar condições para todos terem a sua oportunidade, não é abrir a porta e convidar a saír (os que fazem mais falta).

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Emprego

A palavra emprego sempre me incomodou.
Queremos emprego! Queremos o quê? Não temos? Não temos emprego, aplicação, utilidade? Não servimos para nada? Qualquer pequena coisa que se compra numa loja qualquer vem com o respectivo "modo de emprego"! Tem a sua utilidade.
Mas que visão mais errada do funcionamento do mundo! Em que os próprios se reconhecem inúteis, sem emprego!
Temos direito a um mundo em que todos têm de e podem dar para receber! Elegemos governantes para construir uma organização social em que todos podem e têm de contribuir com o seu trabalho para receber, em função da sua contribuição.
Espanta-me que pensemos que poderemos viver em sociedade sem termos este problema resolvido. Com este conflito entre os que têm e os que não têm "emprego".

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

A diferença, sente-se

Aqueles quase quatro anos que vivemos em Inglaterra proporcionaram-nos experiências únicas, umas grandes, outras insignificantes, mas sempre marcadas por aquele espírito Inglês que só quem lá viveu tempo suficiente consegue compreender.
Um belo domingo, finais de 1977, fui até à cabine telefónica telefonar para os meus Pais (era assim...), introduzi uma moeda de 10 p, marquei o número, alguém atendeu, a moeda entrou no depósito, e a chamada caiu! Bolas! Outra vez. Introduzi outra moeda, repeti tudo, e a chamada caiu novamente! Liguei para o operador. Sim, era um operador, verdadeiro, que falava conosco, e que ouviu a minha reclamação. Pediu desculpa pelo sucedido, perguntou-me se lhe poderia facultar o meu nome e morada, disse-lhe o número para que pretendia ligar, fez a ligação e falei, sem moedas, o tempo que quis. Por mim, não esperava mais nada.
E muito menos que, dois dias depois, na minha caixa do correio, estivesse uma carta da companhia dos telefones, com um pedido de desculpa e 20 p em selos do correio, o valor das duas moedas de 10 p que a máquina tinha engolido.
É a diferença.