quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

2014

Muito se tem falado ultimamente em ajustamento, que é basicamente o que estivemos a fazer para mostrarmos aos nossos credores que podem acreditar em nós, que vamos cumprir com os nossos compromissos.
Foi por isso que o Estado teve de ajustar as suas receitas e despesas de uma forma brutal, desajeitada, criando receitas e cortando despesas de forma normalmente atabalhoada, mas preparando-se agora para entrar em 2014 de cabeça levantada, com um orçamento em que a receita primária cobre basicamente a despesa obrigatória e os encargos da dívida não andam longe de encaixar no défice negociado para 2014.
Não é uma situação brilhante, pois os cortes realizados foram muitas vezes à cega, originando situações de dificuldade extrema em alguns grupos sociais, e realmente temos uma dívida acumulada gigantesca, disforme, resultado do esbanjamento/desvio de dinheiros públicos para uma política de semear dinheiro, para cursos do FSE mais ou menos virtuais, para obras de regime como o Euro 2004, para uma rede de auto-estradas criminosa, para PPPs feitas sobre o joelho, para negociatas como a do BPN/SLN, obra prima do bloco central de interesses que nos tem governado, que será muito difícil pensarmos em amortizar essa dívida nos tempos mais próximos, pelo que teremos de contrair novos empréstimos à medida que os actuais vencem.
Mas estamos em condições de parar para pensar, como estão a fazer os Irlandeses.
Deixando a discussão da legimidade da nossa dívida total para daqui a mais algum tempo, é altura de acertamos os ajustamentos feitos no sentido de uma maior justiça social, e de apontarmos todas as baterias para o crescimento, e nomeadamente para a educação dos mais jovens. investindo aqui todos os parcos recursos que seja possível libertar.
Só que este primeiro passo, decisivo, exige, quase como condição previa, um governo de gente séria, em que em vez de profissionais de política, tenhamos cidadãos comprometidos, como parece que começa a ser possível vislumbrar.
Saúdamos 2014 como o possível ano da mudança, da esperança, do fim da loucura destes anos em que um grupo de especuladores, com a cumplicidade de governos incompetentes, quase destruíram Portugal e o Mundo ocidental.
Será? Vamos a isso!