sábado, 14 de novembro de 2009

Legalidade não chega! Ética, senhores!

As leis nunca são perfeitas, já se sabe, e há sempre quem esteja pronto a desvirtuar o seu espírito, cumprindo-a à letra. Ocorre-me sempre o caso daquela equipa de ciclismo que dopava os seus ciclistas cirurgicamente para as concentrações das substâncias proibidas estarem sempre ligeiramente abaixo dos limites da lei, esquecendo completamente que assim estava a comprometer a saúde dos seus atletas. Era legal, mas não era obviamente ético. E às vezes falhava, ultrapassavam-se os limites...
Dizia o antigo ministro Pina Moura que a ética é a lei. Mas não é. A ética está no plano dos valores, que toda a gente entende, independentemente dos meandros das leis.
Usar o dinheiro de uma empresa pública para adquirir a um valor várias vezes superior ao valor de mercado um qualquer serviço, pode até ser legal, se tiverem sido cumpridas as regras que condicionam a aquisição de serviços por parte das empresas públicas, mas não é ético.
Usar o dinheiro de um banco para adquirir empresas por valores perfeitamente exorbitantes ou para conceder empréstimos de interesse duvidoso, pode ser legal, se tiverem sido cumpridos os regulamentos respectivos, mas não será certamente ético.
Como não será usar o dinheiro das autarquias em obras desnecessárias, ou autorizar a construção de edifícios que são verdadeiros atentados ao bom senso, por exemplo.
Fica sempre o manto da suspeita, dos interesses privados, do enriquecimento ilícito, do financiamento do futebol ou dos partidos.
É por isso que estou farto desta conversa de legalidade, legalidade, legalidade. Legalidade não chega! Ética, senhores!

domingo, 8 de novembro de 2009

Corrupções

Mas porque somos tão atrasados?
O Manuel Lima, um Português que prestigia Portugal, num estudo por ele realizado, mostra como num grupo de 20 países todos menores que nós em área e em população, nós conseguimos ser o último no que diz respeito ao produto. Somos o primeiro dos 20 em área e em população, e o vigésimo em produção per capita. Não é por sermos poucos ou pequenos que somos atrasados!
Somos atrasados porque nos atrasamos e não fazemos nada para recuperarmos dessa situação.
E não há nada mais preocupante do que o que se passa nas nossas escolas, pois sem uma educação integral para a vida, centrada no princípio de que viver em sociedade é dar e receber, não passaremos de miseráveis pedintes, na nossa casa, na nossa rua, no nosso País, no mundo. É que para receber, é preciso dar. E para dar é preciso saber construir.
Mas não, preferimos este assalto aos dinheiros públicos, de todos, por parte de alguns. Esta mistura de empreses públicas deficitárias, de obras públicas, de futebol, de interesses mesquinhos de alguns, de encobrimentos, de incapacidade do nosso sistema judicial, só mostra que o que resulta é a cunha, o esquema, a esperteza saloia.
Sem aprendermos a lidar com a corrupção, sem percebermos o verdadeiro cancro social que é esta atitude desleixada de deixar andar, nunca seremos melhores.
E os melhores nunca aceitarão o desafio de nos governar!