Os partidos, todos, diria, consideram que os eleitos são seus representantes, pessoas às suas ordens, que se devem limitar a proceder e a votar de acordo com as directivas que recebem, sem discutir, sem direito a voz própria.
Os eleitos podem, ou devem, diria, estar comprometidos com ideias ou programas de partidos, que ajudem a formar correntes de opinião e ajudar a discussão. Mas só isso.
Admiro o sistema inglês. O país está dividido em circunscrições eleitorais, tantas quantas os membros do parlamento, e cada uma elege o seu. A uma volta, ponto final. Se falecer, se ficar impedido, elege-se outro. Não há suplentes, não há listas, não há políticos à boleia.
Costuma apontar-se que este sistema de listas uni-nominais, sem segunda volta, concentra os votos em dois partidos, como se fosse o sistema que condiciona os eleitores e não os eleitores que usam o sistema. Mas nada é mais falso. Basta ver quantos partidos participaram nos debates eleitorais nas últimas eleições gerais, e a composição dos últimos parlamentos.
Esta pureza do voto representativo, o meu membro do parlamento, eleito sem segunda volta, sem arranjos, existe desde a Magna Carta, com pequenas variações, e está na base da rejeição pelos ingleses do parlamento europeu, dos parlamentares eleitos por listas, e dos comissários europeus, gente que nem sequer foi submetida a um escrutínio.
Sou daqueles que há muito tempo defende a adopção deste sistema em Portugal, sem círculos nacionais, ou outras heranças da partidocracia reinante.
Vivi alguns anos em Inglaterra. Assisti a grandes batalhas eleitorais. Vi a senhora Thatcher ser eleita. Vi o sistema em pleno funcionamento. E não tenho dúvida que seríamos muito melhor governados.
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