Hoje, não!
Custa admitir, mas realmente não temos. No momento em que, colectivamente, devemos aos nossos credores mais de 400 mil milhões de Euros, e em que, apesar da dívida, ainda não somos capazes de viver com o que produzimos, quanto mais pagar os juros e começar a pagar de volta o que nos emprestaram, só nos resta a solução de apertar o cinto e esperar que quem nos emprestou nos continue a emprestar mais uns anos.
Ou achamos que podemos hoje, neste momento, sugerir uma renegociação da dívida, sem sermos imediatamente penalizados por quem nos empresta o dinheiro? Ou que é alternativa sair do Euro e voltar a ter moeda própria?
O problema é muito simples. Gastamos de mais! Sem pensar! Acreditamos no dinheiro fácil. O que é espantoso. Pois se se compreende que famílias e famílias, sob a pressão avassaladora de empresas pouco escrupulosas, tenham embarcado em créditos completamente absurdos para comprar um plasma, ou umas férias, ou trocar de carro, custa a crer que um Estado se tenha decidido a gastar o que não tinha em obras completamente absurdas, em contratos ruinosos, em projectos sem qualquer viabilidade ou sustentabilidade.
E se uma pequena fracção dos gastos aconteceu em bens eventualmente transaccionáveis, como carruagens de metro, comboios, ou submarinos, as auto-estradas não têm comprador, nem os estádios de futebol, nem as escolas super-modernas que são uma fonte de dores de cabeça para quem as tem de pagar.
O que nos espera?
Temos de saber viver com menos. Mudar de hábitos. Gastar menos, em saúde, em alimentação, em produtos superfluos. Possivelmente vão proliferar lojas "chinesas". E temos de saber esperar pelo momento em que a Europa volte a uma trajectória de crescimento, e começar a aumentar as nossas exportações, e voltar a respirar.
É o preço! E só me surprende que haja quem acredite numa alternativa.
Temos é de aproveitar esta oportunidade para fazermos o que deve ser feito, para acreditarmos que seremos capazes de ser suficientemente inovadores, criativos, e empreendedores, para, quando a hora chegar, sermos capazes de voltar a crescer!
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
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