Que votam, que escolhem os seus representantes políticos, e que depois não vêem as promessas eleitorais cumpridas, mas sim um País endividado, empobrecido, mal gerido, desorientado, sem uma alternativa de esperança.
São dezenas de anos de erros acumulados, praticados por quem conhecemos, à frente de todos, de nós e dos órgãos que escolhemos para fiscalizar, para investigar, para identificar e julgar quem prevarica.
Ficamos assim nas mãos dos credores, a quem nem sequer podemos dizer que não pagamos, pois no dia seguinte vamos precisar do seu dinheiro outra vez.
Realmente, poder, podemos! Desde que nos libertemos do Euro, fazendo voltar o escudo, ou outra moeda qualquer que não se esgote, que até podia ser o yuan, e que chegue para todos. Perderiam todos os que não têm economias, ou que têm economias no País, que instantâneamente passariam a ganhar menos uns 40% do que ganham hoje, sem dor, possivelmente com uma sensação de enriquecimento, completamente falsa, pois todos os produtos oriundos da zona Euro encareceriam pelo menos esses mesmos 40%.
Se não é isso que queremos, então nada mudou!
Continua a ser preciso equilibrar o orçamento tão depressa quanto possível, apostar na educação, mudar mentalidades, ajudar as empresas mais preparadas a virar-se para a exportação, atrair investimento estrangeiro, reduzir os encargos da dívida, reduzir as rendas das PPP com a mesma coragem com que se reduziram salários e pensões, definir um pacote fiscal justo, explicá-lo, e vêrmo-nos livres da Troika, de uma vez por todas.
Mas só uma equipa governamental forte, com uma visão estratégica do País real, que lidere, que tenha o apoio dos eleitores, que ouça, que seja eticamente irrepreensível, que fique ao lado dos mais fracos, poderá ter êxito.
Em homenagem a um povo que numa geração foi ao Inferno e voltou, deixo aqui uma recordação de uma visita recente que fiz a Berlim
From Berlin 2012 |
em que se vê, à esquerda, o antigo parlamento, com a cúpula de vidro de Frank Lloyd Wright, e à direita, o novo parlamento, unindo simbolicamente as duas margens do Spree, que aqui dividia Berlim. Só aqui, sete berlinenses perderam a vida ao tentar escapar a nado para o lado ocidental.
Aqui sim, tudo mudou.