Acho curioso que ninguém questione a taxa de conversão utilizada quando trocamos os nossos escudos por euros, quando me parece mais ou menos evidente que utilizamos uma taxa de conversão muito errada, e que está na origem de muitos dos problemas que hoje enfrentamos.
A cotação de 200.482 escudos por euro significou por um lado que os rendimentos e as economias de cada um foram transformadas em euros àquela taxa e que os preços foram convertidos em euros à mesma taxa, mas tudo isto com um efeito que, a meu ver, e já aqui o escrevi váras vezes, foi catastrófico, pelo simples facto de o euro ser uma moeda europeia e de os nossos preços em euros terem de competir com os preços em euros dos mesmos produtos noutros países, nomeadamente em Espanha.
Todos nos lembramos como os nossos produtos tradicionais, a carne, o leite, os cereais, ficaram automaticamente fora do mercado, levando-nos a fechar as nossas unidades de produção e a importar dos nossos vizinhos a um preço mais barato!
Se tivessemos adoptado uma taxa de conversão de 250 escudos por euro, por exemplo, tudo funcionaria na mesma, em valores relativos, só que os nossos preços em euros ficariam 20% mais baratos, podendo nós passar a a exportar leite, e outros produtos, em vez de os importar, de Espanha e de França, beneficiando as grandes cadeias de distribuição.
Tuda na mesma, não! Os capitais, os depósitos, também seriam reduzidos de 20%, para desgosto de alguns... e dos nossos vizinhos, também, que deixariam de contar com estes novos ricos que se começaram a endividar para sobreviver, e que assim continuaram.
O chamado ajustamento, no fundo a reposição do valor da nossa moeda antiga, mais de dez anos depois, é agora muito doloroso, e possivelmente inglório, e nunca reproduzirá o crescimento harmonioso que um ponto de partida diferente teria permitido.
Porque não foi assim?
Basta ver quem negociou a adesão e quem beneficiou com os erros cometidos, para o percebermos.
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
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