Faz-nos pensar que acontecem muitas coisas, demasiadas coisas, dirão alguns, e que cada minuto que paramos a olhar para um acontecimento qualquer faz-nos perder uma infinidade de acontecimentos...
Só que sempre foi assim, sempre aconteceram muitíssimas coisas em simultâneo, com a diferença de que a velocidade de circulação da informação, das notícias, era muito menor.
(eu próprio estou a escrever esta nota ao mesmo tempo que ouço Corbyn a apresentar o seu Labour Manifesto na Sky News, compro dois livros no Book Depository, despacho o meu e-mail, olho para o Facebook, etc)
Temos esta necessidade irresistível de fazer browsing pelas páginas de todos os órgãos de informação e não nos determos num ou dois deles, perdemos o gosto pela informação sequencial, saltamos, gostamos de zapping, dos programas gravados, de ver a 1.5x, de avançar "o que não interessa" para chegarmos mais depressa ao fim da história, não temos paciência para um filme completo, ou para uma peça de teatro, em tempo real.
A não ser que sejam realmente bons, e então até gostamos de repetir, de descobrir novos pormenores, como se estivéssemos a apreciar uma fotografia.
Então, porque estranhamos a fragmentação dos partidos políticos, dos sindicatos, dos movimentos "inorgânicos", dos coletes amarelos, do tsunami democrático, dos parlamentos, quando tudo isto é previsível, num tempo do WhatsApp, das comunicações instantâneas e globais, em grupos abertos e fechados, onde tudo se pode combinar?
Eu acho que há tempo para tudo, para a análise e para a síntese, para debater e para estabelecer consensos, nos sítios certos.
E não gosto de ver o poder político a interferir, a dizer quem são os bons e os maus, qual polígrafo selectivo destinado a convencer os menos preparados - não será o sistema político que precisa de ser reformado?
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