quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Será que algo está a acontecer?

No último post neste blogue, dizia eu que "O problema é que a comunidade científica alargada, não só epidemiologistas, especialistas em saúde pública, intensivistas, etc, mas especialistas em questões que vão desde a economia à educação, da matemática à ciência de dados, que deve ser ouvida e chamada a propor medidas, não dispõe de dados com qualidade, não conhece os métodos de rastreamento e de registo dos resultados, e não pode sequer questionar a situação sem ser acusada de traição à Pátria...".
Bem, ontem a Assembleia da República ouviu "os matemáticos" (quatro, segundo o Expresso), e foi anunciada uma iniciativa mundial Global.health que anuncia que a sua base de dados CoVid-19 "contains detailed information on over five million anonymised cases from over 100 countries".
Apresentação aqui: 


Com 9 832 294 casos individuais listados, à volta do globo, é um ponto de partida.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Desgoverno

Chegamos à fase mais crítica da pandemia, e, de repente, não há nada, nem ideias, nem planos, nem testes, nem vacinas, nem governo, nem presidente, nem partidos, um vazio completo.

Camas ocupadas e médias de 7 dias

Como os números começaram a "descer", apesar de ainda serem elevadíssimos quando comparados com a primeira vaga, e apesar da sobre-ocupação dos hospitais, toda a gente já só fala em "desconfinar".
Ontem, realizou-se mais uma sessão do Infarmed, daquelas em que um grupo selecionado de "cientistas" vai mostrar que sabe muitos números, que experimentou uns modelos, e mais nada. Se a imagem da ciência em Portugal se resumisse a estas sessões, que mais parecem aquelas sessões paralelas de conferências sem revisão por pares, em que se apresentam titubeantes resultados, estaríamos muito mal.
O problema é que a comunidade científica alargada, não só epidemiologistas, especialistas em saúde pública, intensivistas, etc, mas especialistas em questões que vão desde a economia à educação, da matemática à ciência de dados, que deve ser ouvida e chamada a propor medidas, não dispõe de dados com qualidade, não conhece os métodos de rastreamento e de registo dos resultados, e não pode sequer questionar a situação sem ser acusada de traição à Pátria...
E a comunicação social exulta, com números, com opiniões, sem se interrogar sobre o que poderia ser feito e como, e como se vai fazendo noutros países.
Mas ontem mesmo, o governo do Reino Unido publicou os seus documentos guia para o desconfinamento em Inglaterra


Vale a pena ler.
A situação que vivemos não é substancialmente diferente da de outros países. O vírus não conhece fronteiras, é transportado por pessoas. Há países mais e menos isolados, há estratégias diferentes, há resultados, que podem ser analisados.

Indicadores de incidência

Podemos aprender com outros, não querermos ser os melhores, quando parece que somos os piores.
E há as vacinas, já há muitas pessoas vacinadas, brevemente vamos saber o seu verdadeiro impacto.
Será que, sem desculpas por não dispormos de vacinas, seremos capazes de vacinar em tempo útil, até ao Verão, os tais dois terços da população que nos dariam a imunidade de grupo?