sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Dilemas I

A vida é feita de decisões, a maior parte delas aparentemente difíceis e irreversíveis.
Nós, que passamos pelo planeta Terra menos de dez décadas, em média, que somos um em oito mil milhões de habitantes vivos, ou um em cento e vinte mil milhões de habitantes passados e presentes, vivemos tempos dramáticos, como se tudo estivesse sobre os nossos ombros, como se cada decisão nossa pusesse em risco toda a humanidade.
É um facto que a evolução do planeta Terra e de todos os seres que nele habitam, depende das nossas decisões, actuais e passadas, de uma forma altamente complexa. Mas não só. 
Somos um pontinho no espaço.
A Terra e a Lua vistas da Cassini a orbitar em Saturno, a 1400 milhões de km, em 2017.
Mas sim, temos de tomar decisões, as melhores que soubermos, com o que sabemos.
Esta reflexão vem a propósito de uma conversa que segui hoje no X sobre o ensino das disciplinas básicas nos cursos universitários:
Devemos defender maior carga horária em disciplinas básicas porque elas que vão permitir que os alunos possam adaptar-se ao mercado de trabalho depois. Não adianta o plano de estudos tentar correr atrás do mercado. É com uma boa base que se dá segurança aos formandos.
Pensando tanto como discente quanto docente, este "detalhe" é extremamente relevante e complexo. É fundamental que uma base sólida seja construída durante a graduação, pois permite que cada um navegue no que o mercado estiver pedindo quando chegar a hora. 
- Mas como aluno é horrível ficar estudando conteúdos de base. É desestimulante, e não adianta dizerem que aquilo é importante.
A tendência actual, incrustada nas agências de acreditação e nas comissões de avaliação, é considerar que o plano de estudos e os conteúdos das unidades curriculares são importantíssimos, que a presença ou ausência de uma determinada matéria podem afectar de uma forma grave toda uma geração.
Sou dos que discordo, hoje e sempre, desde o tempo em que faltava às aulas teóricas para ir jogar bilhar no Latino ou no Ceuta, e era apanhado pelo professor, que não percebia o nosso desinteresse.
É a vida!

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

After You!

"Please, you go first, I will go after you".
Estava a ouvir um milionésimo comentário sobre o caso Rubiales (já nem sei como se chama senhora) e achei-me a pensar se ainda será normal deixar a minha vizinha entrar à minha frente no elevador, ou se isso já é um claro sinal de um machismo incurável.
E de repente recordei-me de um episódio passado comigo no Hotel Mandarin Oriental, em Macau, em 1998, antes da devolução do território à China.
Hotel Mandarin Oriental, Macau, 1998
Quando descia do quarto até ao rés-do-chão, pelo elevador, era normal haver um grupo de hóspedes a querer entrar, mas sem usar o preceito de deixar em primeiro lugar saír as pessoas que o pretendiam, e depois entrar calmamente. E eu, "educadamente", lá me desviava para os deixar entrar mesmo antes de eu próprio sair.
Comentei isso com um amigo meu que já estava em Macau há algum tempo, que me explicou que tal comportamento até podia ser visto como ofensivo aos olhos desses hóspedes, que mais não faziam que responder ao seu desejo instintivo de uma pequena brincadeira inofensiva matinal, do tipo "vê se consegues sair antes de eu entrar"...
Nunca mais me esqueci, e sempre olho para os usos e costumes de todos os países como o resultado da sua própria história e vida.

quinta-feira, 23 de março de 2023

Pessoas livres, educadas e cultas

Gostava de viver num país de pessoas livres, educadas e cultas.
Pessoas livres, que pensem pelas suas cabeças, sem medos.
Educadas, que saibam como funciona uma comunidade, um país, e que respeitem a identidade dos outros.
E cultas, que dêem valor à educação e à cultura.
Tudo menos a cultura do dinheiro e do poder, ou do medo e da intimidação.