Vasco Pulido Valente diz exactamente o que deve ser dito sobre este modo bem português de fazer batota. É no Público de hoje.
Transcrevo parte, à boleia do 4R - Quarta República:
Pequenos favores
Por mais que se mude, não se mudam os portugueses. Vem isto a propósito do novo "escândalo" da Câmara de Lisboa. Parece que, desde o começo do regime, a Câmara de Lisboa resolveu (por razões que excedem o entendimento) "atribuir" casas a quem lhe apetece. Até agora já "atribuiu" 3.200 com uma renda média de 35 euros. Pedro Feist, vereador de Aquilino Ribeiro Machado a Carmona Rodrigues, não vê nada de extraordinário nisto: é uma "realidade histórica", explica ele, como se a duração do abuso o justificasse. Ele mesmo "meteu uma cunha" ao "seu colega da habitação" para um motorista que murava na Curraleira e acha a coisa "perfeitamente humana". Toda a gente, de resto, fazia o mesmo, com a mais tranquila consciência. A título de caridade oficial ou particular.
(...)
De qualquer maneira o que espanta neste episódio é inocência da autoridade. Uma inocência genuína e profunda. Que um funcionário (eleito ou não eleito) distribua como quem distribui uma mercê propriedade da câmara, ou seja, do contribuinte, não perturba a cabeça de ninguém. Então um favorzinho, que não custa nada, é agora um crime? Os portugueses sempre se trataram assim: com um "jeitinho" aqui em troca de um "jeitinho" ali. E a administração do Estado fervilha de grupinhos de influência e de pressão que promovem, despromovem, transferem e demitem - e vão, muito respeitosamente, ganhando o seu dinheirinho por fora, com uma assinatura e um carimbo. Ética de serviços? Quem ouviu falar nisso?
Eu estou farto de ouvir e de ver. Obrigado, VPV.
domingo, 28 de setembro de 2008
Se não fosse esta certeza
From Portugal |
Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos à boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.
António Gedeão
sábado, 27 de setembro de 2008
La Biennale di Venezia
A Representação Oficial Portuguesa na 11ª Exposição Internacional de Arquitectura La Biennale di Venezia, a cargo de Eduardo Souto de Moura e Ângelo de Sousa, surpreende. A Biennale organiza exposições multidisciplinares nos sectores da Arquitectura, Arte, Cinema, Dança, Música e Teatro, e este ano o tema da exposição de Arquitectura é Out There: Architecture beyond Building.
terça-feira, 23 de setembro de 2008
Y Dreams
Ouvir o António Câmara numa sessão organizada à volta de uma mesa, em que ele escolhe os temas de que fala, é uma experiência inesquecível. A Y Dreams é uma empresa notável, que cria experiências interactivas e produtos baseados em tecnologias e design avançados. No canal Y Dreams no Youtube, podem encontrar-se inúmeros vídeos que o atestam.
Aconteceu hoje, na ANOP, em Santa Maria da Feira. Obrigado, Carlos. Obrigado, ANOP.
domingo, 21 de setembro de 2008
Liga dos Últimos
Não gosto muito da nossa televisão. Mas gosto da Liga dos Últimos. E não sou o único.
Trancrevo um artigo do Francisco Moita Flores na TV Guia nº 1547:
Liga dos Últimos
Não me apetece falar de crimes, nem de violência, nem de polícias. Existem momentos de TV em que a vida pára, em que a ternura emerge, em que a lágrima ou a gargalhada brotam sem que outra razão exista que não seja ver televisão.
Passa na RTP, a várias horas e em vários canais. A Liga dos Últimos, liderada por Álvaro Costa e Hernâni Gonçalves, é uma lição de vida, de festa, de compreensão de um país, o país dos últimos, afinal, o país que somos, sempre em último nos índices de desenvolvimento europeu.
A pretexto do futebol, de jogos das últimas divisões, os seus autores têm o talento de revelar um mundo que não é rosa, nem cabe nas revistas cor-de-rosa, feito de bifanas, paixões e desgarradas. Um país imenso que se descobre na carolice, um país do desenrasca, uma multidão de sonhos vividos como quimeras nos campos pelados, rodeados de bebedeiras, discussões e pobreza. Um país que não é notícia, nem primeira página, que não entra em galas e não sabe, porque lhe é indiferente, o tamanho do mundo. Um país que sobrevive, que transforma a espontaneidade num milagre de vida, desdentado, com projectos que não vão para além do limite da sua rua.
A Liga dos Últimos é uma incursão por um país tão real, que não conhece as Novas Oportunidades, que já ouviu falar vagamente da União Europeia, a quem o talento dos seus criadores e repórteres e a maestria de Álvaro Costa e Hernâni Gonçalves entrega mais doçura e nos deixa na permanente hesitação sobre se não somos todos nós que por ali passamos, umas vezes à canelada, outras vezes de braço dado.
Não é um momento de televisão sobre aqueles que vivem, mas sobre aqueles que sobrevivem. Em que o dirigismo desportivo não tem dinheiro, em que os árbitros não têm razão para serem corrompidos, onde a pureza das intenções vai muito para além da impureza do pó e do álcool, das interpretações e comentários. Então, o Prémio Capitão Moura é impagável e, quando se percebe que está a chegar ao fim, nasce um sentimento de saudade, de desejo que não acabe, e não sabemos se havemos de rir, se havemos de chorar, e chegam-me aos sentidos os sinos de Hemingway quando a ficha técnica encerra aquele tempo de tanto prazer e desprazer, que não perguntarei por quem os sinos dobram. Eles dobram por nós.
Francisco Moita Flores
From Portugal |
Trancrevo um artigo do Francisco Moita Flores na TV Guia nº 1547:
Liga dos Últimos
Não me apetece falar de crimes, nem de violência, nem de polícias. Existem momentos de TV em que a vida pára, em que a ternura emerge, em que a lágrima ou a gargalhada brotam sem que outra razão exista que não seja ver televisão.
Passa na RTP, a várias horas e em vários canais. A Liga dos Últimos, liderada por Álvaro Costa e Hernâni Gonçalves, é uma lição de vida, de festa, de compreensão de um país, o país dos últimos, afinal, o país que somos, sempre em último nos índices de desenvolvimento europeu.
A pretexto do futebol, de jogos das últimas divisões, os seus autores têm o talento de revelar um mundo que não é rosa, nem cabe nas revistas cor-de-rosa, feito de bifanas, paixões e desgarradas. Um país imenso que se descobre na carolice, um país do desenrasca, uma multidão de sonhos vividos como quimeras nos campos pelados, rodeados de bebedeiras, discussões e pobreza. Um país que não é notícia, nem primeira página, que não entra em galas e não sabe, porque lhe é indiferente, o tamanho do mundo. Um país que sobrevive, que transforma a espontaneidade num milagre de vida, desdentado, com projectos que não vão para além do limite da sua rua.
A Liga dos Últimos é uma incursão por um país tão real, que não conhece as Novas Oportunidades, que já ouviu falar vagamente da União Europeia, a quem o talento dos seus criadores e repórteres e a maestria de Álvaro Costa e Hernâni Gonçalves entrega mais doçura e nos deixa na permanente hesitação sobre se não somos todos nós que por ali passamos, umas vezes à canelada, outras vezes de braço dado.
Não é um momento de televisão sobre aqueles que vivem, mas sobre aqueles que sobrevivem. Em que o dirigismo desportivo não tem dinheiro, em que os árbitros não têm razão para serem corrompidos, onde a pureza das intenções vai muito para além da impureza do pó e do álcool, das interpretações e comentários. Então, o Prémio Capitão Moura é impagável e, quando se percebe que está a chegar ao fim, nasce um sentimento de saudade, de desejo que não acabe, e não sabemos se havemos de rir, se havemos de chorar, e chegam-me aos sentidos os sinos de Hemingway quando a ficha técnica encerra aquele tempo de tanto prazer e desprazer, que não perguntarei por quem os sinos dobram. Eles dobram por nós.
Francisco Moita Flores
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Iasi
Este é o meu amigo Dorin Dumitrache a comprar vegetais num mercado a caminho de Moldovita, no norte da Roménia, mesmo junto à Ucrânia.
Estive na Universidade de Iasi em Maio de 2005, e conhecer a família do Dorin que mora na região dos mosteiros de Santo Estevão foi uma experiência inesquecível.
A força destes símbolos é fantástica.
From Romania |
Estive na Universidade de Iasi em Maio de 2005, e conhecer a família do Dorin que mora na região dos mosteiros de Santo Estevão foi uma experiência inesquecível.
From Romania |
A força destes símbolos é fantástica.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Vírus
Há uns minutos fantásticos na emissão do Radio Clube Português. É um apontamento chamado Vírus, de autoria do José Pacheco Pereira.
O programa de terça-feira, sobre o som do silêncio, foi simplesmente notável. Está disponível nos Podcast.
Aqui está a peça clássíca de John Cage 4'33", que deu o mote:
O programa de terça-feira, sobre o som do silêncio, foi simplesmente notável. Está disponível nos Podcast.
Aqui está a peça clássíca de John Cage 4'33", que deu o mote:
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Pessimus
Estava convencido que íamos ter uma loja da Casa da Música.
Não temos! Temos uma loja de uma empresa de telemóveis, cuja marca vai figurar bem visível em todas as fotografias tiradas do passeio em frente. A Casa da Música não deveria ser um suporte publicitário.
Não acho nada bem.
Não temos! Temos uma loja de uma empresa de telemóveis, cuja marca vai figurar bem visível em todas as fotografias tiradas do passeio em frente. A Casa da Música não deveria ser um suporte publicitário.
From Portugal |
Não acho nada bem.
domingo, 14 de setembro de 2008
Faculdade de Engenharia
A nota mínima de entrada subiu! Melhores alunos ou maiores facilidades?
Dentro em pouco saberemos...
Dentro em pouco saberemos...
Curso | Vagas | Nota mínima |
Engenharia Civil | 175 | 149.5 |
Engenharia Electrotécnica e de Computadores | 195 | 151.8 |
Engenharia Mecânica | 112 | 162.8 |
Engenharia Informática e Computação | 102 | 161.8 |
Engenharia Metalúrgica e de Materiais | 21 | 149.0 |
Engenharia Química | 65 | 138.3 |
Bioengenharia | 60 | 180.5 |
Engenharia do Ambiente | 40 | 154.8 |
Engenharia Industrial e Gestão | 50 | 176.3 |
Ciências de Engenharia - Engenharia de Minas e Geoambiente | 10 | 142.0 |
Puente colgante
É extraordinária a história da Puente Colgante de Portugalete, perto de Bilbao.
Destruída em 17 de Junho de 1937, exactamente cinco dias antes do fim da Guerra Civil de Espanha, foi reconstruída e aí está desde 19 de Junho de 1941.
From España |
Destruída em 17 de Junho de 1937, exactamente cinco dias antes do fim da Guerra Civil de Espanha, foi reconstruída e aí está desde 19 de Junho de 1941.
sábado, 13 de setembro de 2008
Muere lentamente
Muere lentamente quien no viaja,
quien no lee,
quien no oye música,
quien no encuentra gracia en sí mismo.
Muere lentamente
quien destruye su amor propio,
quien no se deja ayudar.
Muere lentamente quien se transforma en esclavo del hábito
repitiendo todos los días los mismos trayectos,
quien no cambia de marca,
no se atreve a cambiar el color de su vestimenta
o bien no conversa con quien no conoce.
Muere lentamente quien evita una pasión y su remolino de emociones,
justamente estas que regresan el brillo
a los ojos y restauran los corazones destrozados.
Muere lentamente quien no gira el volante cuando esta infeliz
con su trabajo, o su amor,
quien no arriesga lo cierto ni lo incierto para ir detrás de un sueño
quien no se permite, ni siquiera una vez en su vida,
huir de los consejos sensatos…
¡Vive hoy!
¡Arriesga hoy!
¡Hazlo hoy!
¡No te dejes morir lentamente!
¡NO TE IMPIDAS SER FELIZ¡
Martha Medeiros
(muitas vezes atribuído a Pablo Neruda)
quien no lee,
quien no oye música,
quien no encuentra gracia en sí mismo.
Muere lentamente
quien destruye su amor propio,
quien no se deja ayudar.
Muere lentamente quien se transforma en esclavo del hábito
repitiendo todos los días los mismos trayectos,
quien no cambia de marca,
no se atreve a cambiar el color de su vestimenta
o bien no conversa con quien no conoce.
Muere lentamente quien evita una pasión y su remolino de emociones,
justamente estas que regresan el brillo
a los ojos y restauran los corazones destrozados.
Muere lentamente quien no gira el volante cuando esta infeliz
con su trabajo, o su amor,
quien no arriesga lo cierto ni lo incierto para ir detrás de un sueño
quien no se permite, ni siquiera una vez en su vida,
huir de los consejos sensatos…
¡Vive hoy!
¡Arriesga hoy!
¡Hazlo hoy!
¡No te dejes morir lentamente!
¡NO TE IMPIDAS SER FELIZ¡
Martha Medeiros
(muitas vezes atribuído a Pablo Neruda)
Connectivism and Connective Knowledge
Welcome to the Connectivism and Connective Knowledge online course!
Estamos na primeira semana deste curso, que vale a pena experimentar. George Siemens e Stephen Downes vão-nos fazer perceber muita coisa deste mundo novo.
Estamos na primeira semana deste curso, que vale a pena experimentar. George Siemens e Stephen Downes vão-nos fazer perceber muita coisa deste mundo novo.
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Die Welle
A onda.
Vi este filme num avião da Lufthansa, entre Seoul e Frankfurt. Impressionante. Impressionou-me!
Os fenómenos de massas são muito complexos.
Vi este filme num avião da Lufthansa, entre Seoul e Frankfurt. Impressionante. Impressionou-me!
Os fenómenos de massas são muito complexos.
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