quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Economia?

A União Europeia e os seus 500 milhões de habitantes constituem um sistema verdadeiramente complexo, governando pelas decisões individuais de 500 milhões de decisores mais ou menos autónomos.
Neste sistema, as pequenas decisões de cada um - comprar ou não o jornal, ir ou não ao restaurante, comprar ou vender acções, trocar de carro - quando multiplicadas por milhões podem ter efeitos catastróficos no colectivo.
Se todos nós, por exemplo, por desconfiança ou medo do futuro, decidirmos trocar o carro todos os 6 anos, em vez de todos os 4 anos, vamos necessitar de muito menos carros novos para os substituir, como certamente a senhora Merkel e o senhor Sarkozy já andam a descobrir!
O problema está em que os decisores, nós, cada um de nós, têm as suas crenças, desejos e intenções individuais, não homogéneas, e não têm uma consciência clara da complexidade do sistema, pelo que agem de acordo com impulsos momentãneos, com grande probabilidade de gerar um comportamento caótico.
Experimentemos colocar 22 pessoas e uma bola num campo de futebol sem lhes dizermos qual é o jogo nem as regras. Que acontece? Absolutamente imprevisível!
Sem uma consciência do colectivo e dos fins e objectivos individuais e globais, sem um conhecimento partilhado das possíveis implicações de cada decisão, sem o reconhecimento das esferas de decisão de cada um, de cada região, de cada País, sem uma noção de que há uma variável rígida chamada tempo, não podemos jogar nenhum jogo.
E nomeadamente porque há hoje grupos económicos e grupos de pressão fortíssimos, uma comunicação social influente, regras económicas complexas para o decisor comum, pessoas e empresas prontas a arrecadar muito e muito dinheiro através de avaliações de risco totalmente infundadas, através do desvio de dinheiro para paraísos fiscais, ou através da especulação descarada.
É aqui que os governos devem funcionar. Criar as condições para que o todo funcione, o que só acontece se todas as partes funcionarem. Saber que serviços queremos que o Estado nos preste e quanto estamos dispostos a pagar por isso. Gerir o orçamento com rigor. Defender os mais fracos.
Sim, que os fortes não precisam de quem os defenda!

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