quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Não temos tempo?

Todos os anos mostro aos meus alunos a versão actualizada do que acontece num minuto de Internet:
Faz-nos pensar que acontecem muitas coisas, demasiadas coisas, dirão alguns, e que cada minuto que paramos a olhar para um acontecimento qualquer faz-nos perder uma infinidade de acontecimentos...
Só que sempre foi assim, sempre aconteceram muitíssimas coisas em simultâneo, com a diferença de que a velocidade de circulação da informação, das notícias, era muito menor.
(eu próprio estou a escrever esta nota ao mesmo tempo que ouço Corbyn a apresentar o seu Labour Manifesto na Sky News, compro dois livros no Book Depository, despacho o meu e-mail, olho para o Facebook, etc)
Temos esta necessidade irresistível de fazer browsing pelas páginas de todos os órgãos de informação e não nos determos num ou dois deles, perdemos o gosto pela informação sequencial, saltamos, gostamos de zapping, dos programas gravados, de ver a 1.5x, de avançar "o que não interessa" para chegarmos mais depressa ao fim da história, não temos paciência para um filme completo, ou para uma peça de teatro, em tempo real.
A não ser que sejam realmente bons, e então até gostamos de repetir, de descobrir novos pormenores, como se estivéssemos a apreciar uma fotografia.
Então, porque estranhamos a fragmentação dos partidos políticos, dos sindicatos, dos movimentos "inorgânicos", dos coletes amarelos, do tsunami democrático, dos parlamentos, quando tudo isto é previsível, num tempo do WhatsApp, das comunicações instantâneas e globais, em grupos abertos e fechados, onde tudo se pode combinar?
Eu acho que há tempo para tudo, para a análise e para a síntese, para debater e para estabelecer consensos, nos sítios certos.
E não gosto de ver o poder político a interferir, a dizer quem são os bons e os maus, qual polígrafo selectivo destinado a convencer os menos preparados - não será o sistema político que precisa de ser reformado?

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Artistas

Reparei hoje que há mais de dois anos que não escrevo aqui... tenho andado por outras paragens...
No entanto, relendo as últimas mensagens, parece que nada mudou.
O governo, continua a espremer tudo o que pode, e assim tentar salvar a pele. Sempre a tratar das consequências, da pobreza, das reprovações, do colapso do SNS, dum estado em que só a autoridade tributária funciona.
As causas, que estão nas deficiências em educação, cultura, civismo, respeito pelos outros, etc, não interessam.
Casa da Música, Porto
A oposição, e a oposição da oposição, andam completamente perdidas, sem propostas motivadoras e agregadoras, à espera de uma solução.
Um desafio imenso, para gerações...