quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O condutor de táxi

Foi na Tunísia, há seis anos.
Estavamos em Hammamet, muito perto de Nabeul, era quinta-feira, e no dia seguinte seria o famoso mercado de rua. Como se vai? Comboio, autocarro, táxi? Que diz a recepção do hotel? Não, é muito difícil. Vai muita gente. O melhor seria mesmo não ir...
No dia seguinte, pequeno almoço cedo, e rua, directos aos táxis vermelhos. Entramos, dizemos o destino, e lá vamos.
O condutor parecia simpático, e fazemos-lhe a proposta de nos vir buscar às 13:00, pagando nós antecipadamente a viagem. Fica surpreendido. Antecipadamente? Nem pensar! Pagam quando eu os vier buscar! Combinamos o local de encontro, e despedimo-nos.
Apesar de não termos ficado muito convencidos, às 13:00 lá estávamos. Muito gente, uma multidão. Cada táxi que chegava e largava passageiros era literalmente assaltado por dezenas de pessoas que precisavam de transporte. Até que chega "o nosso". Quase que desaparece rodeado de interessados. O condutor vê-nos. Olha para nós. E diz: "eu venho buscar aquelas pessoas!"
No caminho de regresso, contou-nos que estava a trabalhar desde as 4:00 da manhã, que só terminaria por volta das 20:00, tudo isto porque o sonho dele era um dia ser dono do seu próprio táxi. A meio do percurso, perguntou se não nos importavamos que parasse uns minutos, fez um ligeiro desvio, parou à porta de um supermercado e foi comprar o almoço.
Seguimos, chegamos ao hotel, pagamos e despedimo-nos. Uns 25 euros pelas duas viagens. E um condutor feliz, talvez porque acreditamos nele antes dele acreditar em nós.

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