De um modo simples, o Estado só vai ter a sua vida regularizada quando
ano a ano as receitas correntes cobrirem as despesas correntes mais os
encargos da dívida mais uma parcela destinada à sua amortização.
Incluindo-se aqui a Administração Central, a Segurança Social e todas as
entidades que se sentam à mesa do orçamento, empresas públicas,
autarquias, etc.
A Direcção-Geral do Orçamento deveria dar-nos todos os números da nossa crise de um modo simples, que cada um entenda, como entende as finanças de sua casa! Ou pelo menos os números que sabe... pois pode haver outros...
Só que não dá, e acho que a ideia é mesmo essa. Pois os números são assustadores!
Acabei por ir ao Eurostat, e lá descobri uma primeira pista: Provision of deficit and debt data for 2010 - first notification. Dá-nos uma ideia global da desgraça: PIB à volta de 173 mil milhões de Euros, despesa global do Estado à volta de 87.4 mil milhões de Euros, receita global do Estado à volta de 71.6 mil milhões de Euros, défice de 15.8 mil milhões de Euros, 9.1% do PIB, défice acumulado de 161 mil milhões de Euros, 93% do PIB. O Estado gasta mais de metade do nosso PIB anual, e mesmo assim endivida-se de uma forma brutal! Nem para as despesas correntes o Estado tem dinheiro, quanto mais para pagar os encargos da dívida, que serão uns 8 mil milhões de Euros, e muito menos para começar a amortizá-la!
Mesmo que o mundo nos perdoasse a divida, não conseguiríamos viver! Ainda precisaríamos de uns outros 8 mil milhões de Euros por ano!
Como foi possível chegarmos aqui?! Duros tempos nos esperam...
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