A ideia do direito ao trabalho, de que há obrigatoriamente aí, ao virar da esquina, um Estado ou um patrão disposto a pagar, a cada um, um salário para fazer aquilo que sabe fazer, está completamente ultrapassada.
A humanidade, nós próprios, temos trabalhado incessantemente para eliminar as formas de produção dependentes de mão de obra numerosa e pouco diferenciada, apesar de, em muitos casos isso se traduzir numa deslocalização das unidades de produção para outros locais.
Assisti in loco ao fim das indústrias mineiras e siderúrgicas na Inglaterra, ao aumento brutal de desemprego, às greves, e à forma como, em dez anos, novas indústrias, e milhares de novas empresas, permitiram reinventar um novo tecido industrial naquele país.
A criação de empresas e de emprego está agora na ordem do dia, em Portugal. E na realidade, se há área de sucesso nos dias de hoje, são as novas empresas que têm sido criadas recentemente, com o apoio das universidades, dos institutos de investigação, das autarquias, e de muitas outras organizações.
O problema é que são poucas, muito poucas, porque a muitos nos falta o rasgo para avançar, para ir à procura do mercado, para lidar com a incerteza, para sobreviver num mundo mais complexo, mais imprevisível.
Só que a alternativa de ficar em casa não resulta.
E aqui penso, especialmente, nos 40% de desempregados jovens, porque serão eles, certamente, os mais preparados para assegurar o funcionamento das empresas que não existem, as que lhes garantiriam o tal emprego que não têm.
Então o que fazer? Mas uma empresa moderna não é um grupo de gente qualificada e organizada, capaz de entender o mercado, de desenhar produtos, de os produzir, satisfazer os clientes, e de se renovar diariamente?
Então o que falta? O pontapé de saída, porque apoios não faltariam, tenho a certeza.
Chamo a isso trabalhar para ganhar.
Sem comentários:
Enviar um comentário