sábado, 3 de maio de 2014

Precisamos de gente que pense

Admiro os "economistas", estes seres oriundos sabe-se lá de onde e que acham que a conta de dividir e a regra 3 simples chegam para entender o funcionamento do mundo, por mais complexo que aos outros pareça.
E se não resulta, obviamente que a culpa é dos outros, daqueles que passaram a consumir menos, ou que passaram a trabalhar menos, ou que perderam o emprego, e nunca do modelo simplificado que consideraram, um daqueles em que só se pode alterar uma variável de cada vez.
Qualquer pessoa sabe que se aumentarem os impostos o rendimento disponível diminui e o consumo também, podendo facilmente as receitas dos impostos diminuir, em vez de aumentar. Os "economistas" não.
Qualquer pessoa sabe que a receita para combater o desemprego não é de certeza aumentar o horário semanal daqueles que ainda têm emprego, mas precisamente o contrário. Os "economistas" não.
Qualquer pessoa sabe que a automatização, a robotização, a desmaterialização da economia, eliminam postos de trabalho com menor exigências de qualificação, e que as pessoas que os perdem só muito dificilmente encontrarão outro emprego na sua vida. Os "economistas", não. Não é com eles.
Qualquer pessoa sabe que deslocalizar a produção em massa de bens para países de mão de obra barata se vira a curto prazo contra os países que esvaziam o seu tecido produtivo. Os "economistas", esses não.
Não precisamos destes "economistas", mesmo que tenham ganho prémios Nobel, não precisamos de tantas opiniões sobre o que devíamos e não devíamos ter feito.
Precisamos de gente que pense pela sua cabeça, que tenha ideias credíveis, que tenha a noção de como as pessoas normais decidem e reagem, e que as mobilize, em nome da melhoria generalizada da qualidade de vida que está ao nosso alcance.
E devo dizer que não me parece muito complicado, para quem viu grandes mudanças como a fixação do salário mínimo nacional, como o fenómeno dos "retornados" ou como a reunificação da Alemanha. Que aconteceram porque ninguém pediu a opinião a nenhum economista... Haja coragem. Haja gente com coragem!

1 comentário:

Dxcampos disse...

Magnífico!
Eis a clarividência do engenho e da arte.