domingo, 14 de outubro de 2012

Políticos de aviário

Portugal é um País com um problema estrutural tremendo, resultado de anos e anos de desprezo pela educação e desenvolvimento cultural, que hoje está na cauda da Europa por exemplo num indicador crítico como é a percentagem da população entre os 25 e os 64 anos com o ensino secundário completo. Vale a pena estudar os números do PISA - OECD Programme for International Students Assessment, para se ter uma ideia da dimensão do problema, que demorará muito tempo a resolver e exigirá um esforço muito grande de todos.
Mas sem esse problema resolvido, não será fácil sermos na Europa um entre iguais, não será fácil resolvermos o problema do desemprego, que gera mais desemprego, que castiga de igual modo os que trabalham e os que não trabalham, uns porque têm de pagar mais impostos e outros porque estão condenados à dependência de um orçamento de Estado cada vez mais exíguo.
Não consigo perceber como políticos sérios são capazes de passar pelas cadeiras do poder sem tremer com este problema, sem colocar este problema no centro de todas as prioridades, sem procurar unir os portugueses em torno de um projecto para uma geração, em prol da educação, da cultura, da cidadania, realizado com o apoio de todos, sem hesitações, com a certeza de que é o único caminho que nos permitirá recuperar a nossa independência.
E também sem encontrar uma resposta de emergência ao problema do desemprego, que devolva às pessoas um sentimento de utilidade que é absolutamente indispensável, nem que seja trabalhando menos, mas trabalhando todos.
O problema está nos políticos que nos "governam", nos quais votamos sem os escolher, por virtude de um sistema político anacrónico, que defende a preponderância dos partidos sobre a sociedade, que gera a indiferença, que abre as portas a soluções autocráticas indesejáveis.
Mas alguma coisa estamos a aprender todos os dias: a necessidade de reformar completamente o nosso sistema poliítico, de livrar este País de políticos de aviário, que se servem, mas que não servem.
Deste ponto de vista, as notícias de hoje são assustadoras.

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