É certo que no passado fizemos muitas asneiras, muitíssimas asneiras, que isso nos vai custar caro, mas não percebo onde quer chegar o nosso profeta da desgraça. Recuar no tempo? Não diz. Só diz que já disse.
Hoje, no programa "Olhos nos olhos", na TVI 24, coube à Dra. Maria João Valente Rosa, demógrafa, que dirige o fantástico projecto Pordata, contracenar com o Dr. Medina Carreira.
Tentou explicar direitinho o que é isso do "problema" demográfico, mas sem grande sucesso, perante a obsessão de MC pelos fantasmas do envelhecimento e do "desemprego", que o impede de compreender que estamos perante factos irreversíveis na sociedade de hoje.
A demografia não vai inverter-se, a sociedade vai envelhecer, vamos ter de falar de uma quarta idade, de reformas a tempo parcial, e não vai haver trabalho para todos, se não o repartirmos melhor! Não podemos ao mesmo tempo mecanizar a produção, para aliviar o esforço humano, e continuar a manter os postos de trabalho anteriores!
A chave é a repartição do trabalho por todos, trabalhando todos menos, distribuindo-se melhor os rendimentos do trabalho, e tendo todos maior qualidade de vida. Este é que é o projecto. Difícil? Sim. Mas é o que nos resta. Do mesmo modo que só nos resta o futuro para trabalharmos. O passado passou!
E este é o grande desafio dos governos europeus hoje.
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Como?
Hoje estive a olhar para o Relatório do Desenvolvimento Humano 2011, das Nações Unidas, e nomeadamente para o índice média de anos de escolaridade dos adultos maiores de 25 anos. Esclarecedor. Estamos em 41º lugar, com 7.7 anos em 2011, enquanto que, por exemplo, os gregos estão em 29º, com 10.1 anos.
Por outro lado, em 1980 estavamos com 4.8 anos (!) e Espanha com 5.0, mas a Espanha mais do que duplicou para 10.4 em 2011, o que lhe dá o 22º lugar, enquanto que nós marcamos passo. A Itália está em 24º e a Irlanda está em 7º!
Quando não apostamos decisivamente na formação, de professores, dos mais novos, comprometemos o nosso futuro. Porque governar um País é criar condições para todos terem a sua oportunidade, não é abrir a porta e convidar a saír (os que fazem mais falta).
Por outro lado, em 1980 estavamos com 4.8 anos (!) e Espanha com 5.0, mas a Espanha mais do que duplicou para 10.4 em 2011, o que lhe dá o 22º lugar, enquanto que nós marcamos passo. A Itália está em 24º e a Irlanda está em 7º!
Quando não apostamos decisivamente na formação, de professores, dos mais novos, comprometemos o nosso futuro. Porque governar um País é criar condições para todos terem a sua oportunidade, não é abrir a porta e convidar a saír (os que fazem mais falta).
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Emprego
A palavra emprego sempre me incomodou.
Queremos emprego! Queremos o quê? Não temos? Não temos emprego, aplicação, utilidade? Não servimos para nada? Qualquer pequena coisa que se compra numa loja qualquer vem com o respectivo "modo de emprego"! Tem a sua utilidade.
Mas que visão mais errada do funcionamento do mundo! Em que os próprios se reconhecem inúteis, sem emprego!
Temos direito a um mundo em que todos têm de e podem dar para receber! Elegemos governantes para construir uma organização social em que todos podem e têm de contribuir com o seu trabalho para receber, em função da sua contribuição.
Espanta-me que pensemos que poderemos viver em sociedade sem termos este problema resolvido. Com este conflito entre os que têm e os que não têm "emprego".
Queremos emprego! Queremos o quê? Não temos? Não temos emprego, aplicação, utilidade? Não servimos para nada? Qualquer pequena coisa que se compra numa loja qualquer vem com o respectivo "modo de emprego"! Tem a sua utilidade.
Mas que visão mais errada do funcionamento do mundo! Em que os próprios se reconhecem inúteis, sem emprego!
Temos direito a um mundo em que todos têm de e podem dar para receber! Elegemos governantes para construir uma organização social em que todos podem e têm de contribuir com o seu trabalho para receber, em função da sua contribuição.
Espanta-me que pensemos que poderemos viver em sociedade sem termos este problema resolvido. Com este conflito entre os que têm e os que não têm "emprego".
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
A diferença, sente-se
Aqueles quase quatro anos que vivemos em Inglaterra proporcionaram-nos experiências únicas, umas grandes, outras insignificantes, mas sempre marcadas por aquele espírito Inglês que só quem lá viveu tempo suficiente consegue compreender.
Um belo domingo, finais de 1977, fui até à cabine telefónica telefonar para os meus Pais (era assim...), introduzi uma moeda de 10 p, marquei o número, alguém atendeu, a moeda entrou no depósito, e a chamada caiu! Bolas! Outra vez. Introduzi outra moeda, repeti tudo, e a chamada caiu novamente! Liguei para o operador. Sim, era um operador, verdadeiro, que falava conosco, e que ouviu a minha reclamação. Pediu desculpa pelo sucedido, perguntou-me se lhe poderia facultar o meu nome e morada, disse-lhe o número para que pretendia ligar, fez a ligação e falei, sem moedas, o tempo que quis. Por mim, não esperava mais nada.
E muito menos que, dois dias depois, na minha caixa do correio, estivesse uma carta da companhia dos telefones, com um pedido de desculpa e 20 p em selos do correio, o valor das duas moedas de 10 p que a máquina tinha engolido.
É a diferença.
Um belo domingo, finais de 1977, fui até à cabine telefónica telefonar para os meus Pais (era assim...), introduzi uma moeda de 10 p, marquei o número, alguém atendeu, a moeda entrou no depósito, e a chamada caiu! Bolas! Outra vez. Introduzi outra moeda, repeti tudo, e a chamada caiu novamente! Liguei para o operador. Sim, era um operador, verdadeiro, que falava conosco, e que ouviu a minha reclamação. Pediu desculpa pelo sucedido, perguntou-me se lhe poderia facultar o meu nome e morada, disse-lhe o número para que pretendia ligar, fez a ligação e falei, sem moedas, o tempo que quis. Por mim, não esperava mais nada.
E muito menos que, dois dias depois, na minha caixa do correio, estivesse uma carta da companhia dos telefones, com um pedido de desculpa e 20 p em selos do correio, o valor das duas moedas de 10 p que a máquina tinha engolido.
É a diferença.
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
Temos alternativa?
Hoje, não!
Custa admitir, mas realmente não temos. No momento em que, colectivamente, devemos aos nossos credores mais de 400 mil milhões de Euros, e em que, apesar da dívida, ainda não somos capazes de viver com o que produzimos, quanto mais pagar os juros e começar a pagar de volta o que nos emprestaram, só nos resta a solução de apertar o cinto e esperar que quem nos emprestou nos continue a emprestar mais uns anos.
Ou achamos que podemos hoje, neste momento, sugerir uma renegociação da dívida, sem sermos imediatamente penalizados por quem nos empresta o dinheiro? Ou que é alternativa sair do Euro e voltar a ter moeda própria?
O problema é muito simples. Gastamos de mais! Sem pensar! Acreditamos no dinheiro fácil. O que é espantoso. Pois se se compreende que famílias e famílias, sob a pressão avassaladora de empresas pouco escrupulosas, tenham embarcado em créditos completamente absurdos para comprar um plasma, ou umas férias, ou trocar de carro, custa a crer que um Estado se tenha decidido a gastar o que não tinha em obras completamente absurdas, em contratos ruinosos, em projectos sem qualquer viabilidade ou sustentabilidade.
E se uma pequena fracção dos gastos aconteceu em bens eventualmente transaccionáveis, como carruagens de metro, comboios, ou submarinos, as auto-estradas não têm comprador, nem os estádios de futebol, nem as escolas super-modernas que são uma fonte de dores de cabeça para quem as tem de pagar.
O que nos espera?
Temos de saber viver com menos. Mudar de hábitos. Gastar menos, em saúde, em alimentação, em produtos superfluos. Possivelmente vão proliferar lojas "chinesas". E temos de saber esperar pelo momento em que a Europa volte a uma trajectória de crescimento, e começar a aumentar as nossas exportações, e voltar a respirar.
É o preço! E só me surprende que haja quem acredite numa alternativa.
Temos é de aproveitar esta oportunidade para fazermos o que deve ser feito, para acreditarmos que seremos capazes de ser suficientemente inovadores, criativos, e empreendedores, para, quando a hora chegar, sermos capazes de voltar a crescer!
Custa admitir, mas realmente não temos. No momento em que, colectivamente, devemos aos nossos credores mais de 400 mil milhões de Euros, e em que, apesar da dívida, ainda não somos capazes de viver com o que produzimos, quanto mais pagar os juros e começar a pagar de volta o que nos emprestaram, só nos resta a solução de apertar o cinto e esperar que quem nos emprestou nos continue a emprestar mais uns anos.
Ou achamos que podemos hoje, neste momento, sugerir uma renegociação da dívida, sem sermos imediatamente penalizados por quem nos empresta o dinheiro? Ou que é alternativa sair do Euro e voltar a ter moeda própria?
O problema é muito simples. Gastamos de mais! Sem pensar! Acreditamos no dinheiro fácil. O que é espantoso. Pois se se compreende que famílias e famílias, sob a pressão avassaladora de empresas pouco escrupulosas, tenham embarcado em créditos completamente absurdos para comprar um plasma, ou umas férias, ou trocar de carro, custa a crer que um Estado se tenha decidido a gastar o que não tinha em obras completamente absurdas, em contratos ruinosos, em projectos sem qualquer viabilidade ou sustentabilidade.
E se uma pequena fracção dos gastos aconteceu em bens eventualmente transaccionáveis, como carruagens de metro, comboios, ou submarinos, as auto-estradas não têm comprador, nem os estádios de futebol, nem as escolas super-modernas que são uma fonte de dores de cabeça para quem as tem de pagar.
O que nos espera?
Temos de saber viver com menos. Mudar de hábitos. Gastar menos, em saúde, em alimentação, em produtos superfluos. Possivelmente vão proliferar lojas "chinesas". E temos de saber esperar pelo momento em que a Europa volte a uma trajectória de crescimento, e começar a aumentar as nossas exportações, e voltar a respirar.
É o preço! E só me surprende que haja quem acredite numa alternativa.
Temos é de aproveitar esta oportunidade para fazermos o que deve ser feito, para acreditarmos que seremos capazes de ser suficientemente inovadores, criativos, e empreendedores, para, quando a hora chegar, sermos capazes de voltar a crescer!
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Contas de somar
De um modo simples, o Estado só vai ter a sua vida regularizada quando
ano a ano as receitas correntes cobrirem as despesas correntes mais os
encargos da dívida mais uma parcela destinada à sua amortização.
Incluindo-se aqui a Administração Central, a Segurança Social e todas as
entidades que se sentam à mesa do orçamento, empresas públicas,
autarquias, etc.
A Direcção-Geral do Orçamento deveria dar-nos todos os números da nossa crise de um modo simples, que cada um entenda, como entende as finanças de sua casa! Ou pelo menos os números que sabe... pois pode haver outros...
Só que não dá, e acho que a ideia é mesmo essa. Pois os números são assustadores!
Acabei por ir ao Eurostat, e lá descobri uma primeira pista: Provision of deficit and debt data for 2010 - first notification. Dá-nos uma ideia global da desgraça: PIB à volta de 173 mil milhões de Euros, despesa global do Estado à volta de 87.4 mil milhões de Euros, receita global do Estado à volta de 71.6 mil milhões de Euros, défice de 15.8 mil milhões de Euros, 9.1% do PIB, défice acumulado de 161 mil milhões de Euros, 93% do PIB. O Estado gasta mais de metade do nosso PIB anual, e mesmo assim endivida-se de uma forma brutal! Nem para as despesas correntes o Estado tem dinheiro, quanto mais para pagar os encargos da dívida, que serão uns 8 mil milhões de Euros, e muito menos para começar a amortizá-la!
Mesmo que o mundo nos perdoasse a divida, não conseguiríamos viver! Ainda precisaríamos de uns outros 8 mil milhões de Euros por ano!
Como foi possível chegarmos aqui?! Duros tempos nos esperam...
A Direcção-Geral do Orçamento deveria dar-nos todos os números da nossa crise de um modo simples, que cada um entenda, como entende as finanças de sua casa! Ou pelo menos os números que sabe... pois pode haver outros...
Só que não dá, e acho que a ideia é mesmo essa. Pois os números são assustadores!
Acabei por ir ao Eurostat, e lá descobri uma primeira pista: Provision of deficit and debt data for 2010 - first notification. Dá-nos uma ideia global da desgraça: PIB à volta de 173 mil milhões de Euros, despesa global do Estado à volta de 87.4 mil milhões de Euros, receita global do Estado à volta de 71.6 mil milhões de Euros, défice de 15.8 mil milhões de Euros, 9.1% do PIB, défice acumulado de 161 mil milhões de Euros, 93% do PIB. O Estado gasta mais de metade do nosso PIB anual, e mesmo assim endivida-se de uma forma brutal! Nem para as despesas correntes o Estado tem dinheiro, quanto mais para pagar os encargos da dívida, que serão uns 8 mil milhões de Euros, e muito menos para começar a amortizá-la!
Mesmo que o mundo nos perdoasse a divida, não conseguiríamos viver! Ainda precisaríamos de uns outros 8 mil milhões de Euros por ano!
Como foi possível chegarmos aqui?! Duros tempos nos esperam...
sábado, 10 de setembro de 2011
"Mais fácil calcular a posição dos astros no universo que o comportamento da mente humana"
Desabafo de Sir Isaac Newton, depois de ter perdido grande parte da sua fortuna em títulos da Companhia dos Mares do Sul.
Sim, o mesmo Isaac Newton, físico, matemático, astrónomo, filósofo, alquimista, teólogo, que estabeleceu as bases da mecânica clássica, e portanto a relação entre a força e o movimento, e a lei da gravitação universal, que explica o movimento dos astros no universo, não foi capaz de descobrir as leis que regem o comportamento da mente humana!
Nem ele nem ninguém, nem mesmo Barabasi, que hoje se interroga sobre a previsibilidade das nossas decisões.
A Companhia dos Mares do Sul, foi fundada em 1711, para financiar a participação da Inglaterra na guerra da sucessão de Espanha, que durou entre 1701 e 1714. A ideia era muito simples: um grupo de investidores reuniu 10 milhões de libras, que emprestou ao governo, a uma taxa de juro perpétua de aproximadamente 6% ao ano (mais rigorosamente, 576 534 libras por ano), em troca do monopólio da rota marítima para a América do Sul, se e quando a guerra terminasse com um resultado favorável à Inglaterra, como realmente aconteceu. Aliás, foi assim que a Espanha perdeu também Gibraltar para os ingleses, por exemplo.
Em 1917, a Companhia emprestou mais 2 milhões de libras, e em 1919 propôs-se emprestar ao cada vez mais endividado governo inglês 30 milhões de libras, a uma taxa de juro perpétua de 5% até 1927 e 4% daí em diante. Este negócio concretizou-se em 1920, com as acções da Companhia dos Mares do Sul a subir em poucos meses de 130 libras até às 1000 libras, e a cair abruptamente logo no final do ano para cerca de 100 libras, com muitos investidores a perder grande parte do seu dinheiro no entretanto.
Entre eles, Sir Isaac Newton.
Sim, o mesmo Isaac Newton, físico, matemático, astrónomo, filósofo, alquimista, teólogo, que estabeleceu as bases da mecânica clássica, e portanto a relação entre a força e o movimento, e a lei da gravitação universal, que explica o movimento dos astros no universo, não foi capaz de descobrir as leis que regem o comportamento da mente humana!
Nem ele nem ninguém, nem mesmo Barabasi, que hoje se interroga sobre a previsibilidade das nossas decisões.
A Companhia dos Mares do Sul, foi fundada em 1711, para financiar a participação da Inglaterra na guerra da sucessão de Espanha, que durou entre 1701 e 1714. A ideia era muito simples: um grupo de investidores reuniu 10 milhões de libras, que emprestou ao governo, a uma taxa de juro perpétua de aproximadamente 6% ao ano (mais rigorosamente, 576 534 libras por ano), em troca do monopólio da rota marítima para a América do Sul, se e quando a guerra terminasse com um resultado favorável à Inglaterra, como realmente aconteceu. Aliás, foi assim que a Espanha perdeu também Gibraltar para os ingleses, por exemplo.
Em 1917, a Companhia emprestou mais 2 milhões de libras, e em 1919 propôs-se emprestar ao cada vez mais endividado governo inglês 30 milhões de libras, a uma taxa de juro perpétua de 5% até 1927 e 4% daí em diante. Este negócio concretizou-se em 1920, com as acções da Companhia dos Mares do Sul a subir em poucos meses de 130 libras até às 1000 libras, e a cair abruptamente logo no final do ano para cerca de 100 libras, com muitos investidores a perder grande parte do seu dinheiro no entretanto.
Entre eles, Sir Isaac Newton.
sábado, 3 de setembro de 2011
High-Frequency Trading
Um produto que tem um preço de venda num mercado inferior ao preço de compra noutro é uma mina de ouro, enquanto durar. Basta comprar no primeiro e vender no segundo.
Claro que a operação tem de ser feita com todo o cuidado para que os mercados não desconfiem, pois corre-se o risco de alterações de preços complicarem estes planos. Mas não para todos.
Há quem consiga comprar barato e vender caro com garantia absoluta de que não corre qualquer risco!
Em mercados altamente sofisticados como as bolsas de valores, e desde que se conheça exactamente os ciclos de actualização dos preços (estamos a falar de fracções de segundo), é possível descobrir janelas de tempo em que é absolutamente seguro, por exemplo, comprar moeda num mercado a um preço e vendê-la imediatamente a seguir noutro, a um preço superior. Há quem opere neste segmento, é legal, e já ocorreram sérios problemas relacionados com estas transacções.
Chama-se a isto High-Frequency Trading (vale a pena ler este artigo). Num pequeno artigo que li recentemente na IEEE Computer intitulado "Some Users Find the Speed of Light Too Slow for Their Networks" refere-se por exemplo que poupar 3 ms nas comunicações entre Nova Iorque e Chicago é vantajoso para as empresas que operam nestes negócios.
Claro que estes negócios são completamente irreais e traduzem-se no desvio de milhões para alguns bolsos sem qualquer correspondencia com trabalho ou risco. Mas apesar dos problemas que regularmente ocorrem, como o "Flash Crash" de Maio 2010, pouco se faz para os impedir.
E aqui estamos nós, a pagar para pôr em ordem as nossas contas, com grande reverência pelos mercados, em vez de terminar de uma vez por todas com estas e outras habilidades que não criam valor, mas que criam grandes problemas aos que acreditam num mundo em que as pessoas sabem viver em sociedade.
Claro que a operação tem de ser feita com todo o cuidado para que os mercados não desconfiem, pois corre-se o risco de alterações de preços complicarem estes planos. Mas não para todos.
Há quem consiga comprar barato e vender caro com garantia absoluta de que não corre qualquer risco!
Em mercados altamente sofisticados como as bolsas de valores, e desde que se conheça exactamente os ciclos de actualização dos preços (estamos a falar de fracções de segundo), é possível descobrir janelas de tempo em que é absolutamente seguro, por exemplo, comprar moeda num mercado a um preço e vendê-la imediatamente a seguir noutro, a um preço superior. Há quem opere neste segmento, é legal, e já ocorreram sérios problemas relacionados com estas transacções.
Chama-se a isto High-Frequency Trading (vale a pena ler este artigo). Num pequeno artigo que li recentemente na IEEE Computer intitulado "Some Users Find the Speed of Light Too Slow for Their Networks" refere-se por exemplo que poupar 3 ms nas comunicações entre Nova Iorque e Chicago é vantajoso para as empresas que operam nestes negócios.
Claro que estes negócios são completamente irreais e traduzem-se no desvio de milhões para alguns bolsos sem qualquer correspondencia com trabalho ou risco. Mas apesar dos problemas que regularmente ocorrem, como o "Flash Crash" de Maio 2010, pouco se faz para os impedir.
E aqui estamos nós, a pagar para pôr em ordem as nossas contas, com grande reverência pelos mercados, em vez de terminar de uma vez por todas com estas e outras habilidades que não criam valor, mas que criam grandes problemas aos que acreditam num mundo em que as pessoas sabem viver em sociedade.
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Economia?
A União Europeia e os seus 500 milhões de habitantes constituem um sistema verdadeiramente complexo, governando pelas decisões individuais de 500 milhões de decisores mais ou menos autónomos.
Neste sistema, as pequenas decisões de cada um - comprar ou não o jornal, ir ou não ao restaurante, comprar ou vender acções, trocar de carro - quando multiplicadas por milhões podem ter efeitos catastróficos no colectivo.
Se todos nós, por exemplo, por desconfiança ou medo do futuro, decidirmos trocar o carro todos os 6 anos, em vez de todos os 4 anos, vamos necessitar de muito menos carros novos para os substituir, como certamente a senhora Merkel e o senhor Sarkozy já andam a descobrir!
O problema está em que os decisores, nós, cada um de nós, têm as suas crenças, desejos e intenções individuais, não homogéneas, e não têm uma consciência clara da complexidade do sistema, pelo que agem de acordo com impulsos momentãneos, com grande probabilidade de gerar um comportamento caótico.
Experimentemos colocar 22 pessoas e uma bola num campo de futebol sem lhes dizermos qual é o jogo nem as regras. Que acontece? Absolutamente imprevisível!
Sem uma consciência do colectivo e dos fins e objectivos individuais e globais, sem um conhecimento partilhado das possíveis implicações de cada decisão, sem o reconhecimento das esferas de decisão de cada um, de cada região, de cada País, sem uma noção de que há uma variável rígida chamada tempo, não podemos jogar nenhum jogo.
E nomeadamente porque há hoje grupos económicos e grupos de pressão fortíssimos, uma comunicação social influente, regras económicas complexas para o decisor comum, pessoas e empresas prontas a arrecadar muito e muito dinheiro através de avaliações de risco totalmente infundadas, através do desvio de dinheiro para paraísos fiscais, ou através da especulação descarada.
É aqui que os governos devem funcionar. Criar as condições para que o todo funcione, o que só acontece se todas as partes funcionarem. Saber que serviços queremos que o Estado nos preste e quanto estamos dispostos a pagar por isso. Gerir o orçamento com rigor. Defender os mais fracos.
Sim, que os fortes não precisam de quem os defenda!
Neste sistema, as pequenas decisões de cada um - comprar ou não o jornal, ir ou não ao restaurante, comprar ou vender acções, trocar de carro - quando multiplicadas por milhões podem ter efeitos catastróficos no colectivo.
Se todos nós, por exemplo, por desconfiança ou medo do futuro, decidirmos trocar o carro todos os 6 anos, em vez de todos os 4 anos, vamos necessitar de muito menos carros novos para os substituir, como certamente a senhora Merkel e o senhor Sarkozy já andam a descobrir!
O problema está em que os decisores, nós, cada um de nós, têm as suas crenças, desejos e intenções individuais, não homogéneas, e não têm uma consciência clara da complexidade do sistema, pelo que agem de acordo com impulsos momentãneos, com grande probabilidade de gerar um comportamento caótico.
Experimentemos colocar 22 pessoas e uma bola num campo de futebol sem lhes dizermos qual é o jogo nem as regras. Que acontece? Absolutamente imprevisível!
Sem uma consciência do colectivo e dos fins e objectivos individuais e globais, sem um conhecimento partilhado das possíveis implicações de cada decisão, sem o reconhecimento das esferas de decisão de cada um, de cada região, de cada País, sem uma noção de que há uma variável rígida chamada tempo, não podemos jogar nenhum jogo.
E nomeadamente porque há hoje grupos económicos e grupos de pressão fortíssimos, uma comunicação social influente, regras económicas complexas para o decisor comum, pessoas e empresas prontas a arrecadar muito e muito dinheiro através de avaliações de risco totalmente infundadas, através do desvio de dinheiro para paraísos fiscais, ou através da especulação descarada.
É aqui que os governos devem funcionar. Criar as condições para que o todo funcione, o que só acontece se todas as partes funcionarem. Saber que serviços queremos que o Estado nos preste e quanto estamos dispostos a pagar por isso. Gerir o orçamento com rigor. Defender os mais fracos.
Sim, que os fortes não precisam de quem os defenda!
sábado, 13 de agosto de 2011
Chegou a hora de mudar!
Estamos em mudança! Nós. Em Portugal. No Mundo. Basta ver como aceitamos a necessidade de medidas duras e difíceis. Como olhamos para essas medidas como parte do "castigo" pelos exageros que todos cometemos, e muitos continuamos a cometer.
Mas o Mundo ainda não se auto-governa. A lei do mais forte não serve. E precisamos de olhar para os que ainda não compreendem que esta cultura do receber sem dar, dos direitos sem deveres, do culto das "celebridades", dos jogos que exploram as fraquezas de alguns, do short selling, dos paraísos fiscais, das obras faraónicas, do curto prazo, não leva a lado nenhum.
Hoje, felizmente, começa a haver sinais de que estamos a olhar para estes problemas com outros olhos. Basta olhar para meia dúzia de canais de TV ou de jornais internacionais para percebermos isso.
Temos que perceber o que queremos do Estado, do governo, da Europa, como recompensamos os mais empreendedores, como garantimos uma vida digna aos menos capazes, e quanto estamos dispostos a pagar por isso.
O caminho é naturalmente estreito, cheio de dificuldades. Só que não há alternativa.
Chegou a hora de mudar!
Mas o Mundo ainda não se auto-governa. A lei do mais forte não serve. E precisamos de olhar para os que ainda não compreendem que esta cultura do receber sem dar, dos direitos sem deveres, do culto das "celebridades", dos jogos que exploram as fraquezas de alguns, do short selling, dos paraísos fiscais, das obras faraónicas, do curto prazo, não leva a lado nenhum.
Hoje, felizmente, começa a haver sinais de que estamos a olhar para estes problemas com outros olhos. Basta olhar para meia dúzia de canais de TV ou de jornais internacionais para percebermos isso.
Temos que perceber o que queremos do Estado, do governo, da Europa, como recompensamos os mais empreendedores, como garantimos uma vida digna aos menos capazes, e quanto estamos dispostos a pagar por isso.
O caminho é naturalmente estreito, cheio de dificuldades. Só que não há alternativa.
Chegou a hora de mudar!
domingo, 10 de julho de 2011
Malditas agências de rating
Mas que é isto? Somos governados pelas agências de rating? São esses tecnocratas desenraízados que se sentam nas secretárias dos gabinetes da Moody's, da Fitch ou da Standard & Poor's que ditam o modo como vamos viver nos tempos mais próximos? Mas que sabem elas de nós, da nossa história, da nossa identidade, do nosso modo de viver? Nada! Nada! Nada!
Sabem fazer contas e emitir opiniões. Sobre as empresas, as instituições, os Estados que as contratam! Que as contratam... E nós contratamo-las para elas emitirem aquelas opiniões sobre nós. Que mal agradecidos!
E porque é que as contratámos, ao fim e ao cabo?
Pela simples razão de que as entidades que nos emprestam dinheiro exigem que nós exibamos um rating "decente" avaliado por uma ou mais agências de uma short list qualquer, e elas lá estão! Apesar do histórico de avaliações erradas...
Embora o nosso downgrading pela Moody's não seja definitivamente uma avaliação errada! Ou achamos que se cumprirmos os acordos, se emagrecermos como nos estão a pedir, algum dia conseguiremos inverter a situação, pagar a dívida monstruosa e "voltar aos mercados"?
Ninguém acredita!
Todos sabemos, há muito tempo, desde a negociação incompleta para a entrada no Euro, que a construção da Europa ficou a aguardar melhores dias, e que é isso que estamos a pagar.
Felizmente, parece que agora os políticos europeus começam a descobrir que a solução do problema está nas mãos deles! Que há outras maneiras de ver a Europa. Que não estamos condenados a viver todos de forma igual. Que todos os países têm as suas riquezas. Que talvez se possa viver em harmonia numa Europa menos obcecada pelo dinheiro.
Ainda vamos agradecer à Moody's...
Sabem fazer contas e emitir opiniões. Sobre as empresas, as instituições, os Estados que as contratam! Que as contratam... E nós contratamo-las para elas emitirem aquelas opiniões sobre nós. Que mal agradecidos!
E porque é que as contratámos, ao fim e ao cabo?
Pela simples razão de que as entidades que nos emprestam dinheiro exigem que nós exibamos um rating "decente" avaliado por uma ou mais agências de uma short list qualquer, e elas lá estão! Apesar do histórico de avaliações erradas...
Embora o nosso downgrading pela Moody's não seja definitivamente uma avaliação errada! Ou achamos que se cumprirmos os acordos, se emagrecermos como nos estão a pedir, algum dia conseguiremos inverter a situação, pagar a dívida monstruosa e "voltar aos mercados"?
Ninguém acredita!
Todos sabemos, há muito tempo, desde a negociação incompleta para a entrada no Euro, que a construção da Europa ficou a aguardar melhores dias, e que é isso que estamos a pagar.
Felizmente, parece que agora os políticos europeus começam a descobrir que a solução do problema está nas mãos deles! Que há outras maneiras de ver a Europa. Que não estamos condenados a viver todos de forma igual. Que todos os países têm as suas riquezas. Que talvez se possa viver em harmonia numa Europa menos obcecada pelo dinheiro.
Ainda vamos agradecer à Moody's...
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Confesso...
Confesso que resolvi deixar de obedecer a uma ordem que me foi dada expressamente por um elemento da brigada de trânsito da GNR.
Ia eu há uns tempos para Braga, na A3, na faixa mais à direita, descontando aquela faixa estreitinha, na antiga berma, para veículos lentos (pensava eu), um pouco antes da saída para Cruz, quando notei no meu espelho retrovisor que um carro da GNR se aproximava a grande velocidade, exactamente nessa faixa.
Suspeitei que me ia ultrapassar mesmo por ali, mas não. Passou para a faixa à minha esquerda, colocou-se ao meu lado, fiz de conta que não vi nada, acelerou, passou outra vez para a faixa estreitinha e, surpresa, mostrou-me uma mensagem clara num display luminoso que transportava: CIRCULAR PELA DIREITA!
Wow! Lá fui para a faixa indicada, fiz-lhe um gesto com o polegar, e foi à vida.
E assim passei a fazer, e a notar que outros devem ter recebido a mesma reprimenda, dado o aumento de frequentadores da berma. Apesar dos perigos.
Sim. Porque logo a seguir à saída para Cruz, numa curva, a berma recupera a velha função de faixa de aceleração para os carros que entram, muito devagarinho, naquilo que pensam ser mesmo uma faixa de aceleração. Loucura!
Como gosto de antecipar as coisas, ao chegar ao local verifico sempre se a faixa ao meu lado está livre, pois poderei precisar dela, e assim aconteceu ontem. Só não bati na traseira de um inocente que entrava calmamente na A3 porquê tinha espaço para me desviar. Mas podia não ter!
E portanto, por uma questão de segurança, passei a desobedecer àquela ordem.
Estou à espera de novo aviso...
Ia eu há uns tempos para Braga, na A3, na faixa mais à direita, descontando aquela faixa estreitinha, na antiga berma, para veículos lentos (pensava eu), um pouco antes da saída para Cruz, quando notei no meu espelho retrovisor que um carro da GNR se aproximava a grande velocidade, exactamente nessa faixa.
Suspeitei que me ia ultrapassar mesmo por ali, mas não. Passou para a faixa à minha esquerda, colocou-se ao meu lado, fiz de conta que não vi nada, acelerou, passou outra vez para a faixa estreitinha e, surpresa, mostrou-me uma mensagem clara num display luminoso que transportava: CIRCULAR PELA DIREITA!
Wow! Lá fui para a faixa indicada, fiz-lhe um gesto com o polegar, e foi à vida.
E assim passei a fazer, e a notar que outros devem ter recebido a mesma reprimenda, dado o aumento de frequentadores da berma. Apesar dos perigos.
Sim. Porque logo a seguir à saída para Cruz, numa curva, a berma recupera a velha função de faixa de aceleração para os carros que entram, muito devagarinho, naquilo que pensam ser mesmo uma faixa de aceleração. Loucura!
Como gosto de antecipar as coisas, ao chegar ao local verifico sempre se a faixa ao meu lado está livre, pois poderei precisar dela, e assim aconteceu ontem. Só não bati na traseira de um inocente que entrava calmamente na A3 porquê tinha espaço para me desviar. Mas podia não ter!
E portanto, por uma questão de segurança, passei a desobedecer àquela ordem.
Estou à espera de novo aviso...
terça-feira, 10 de maio de 2011
Estamos feitos!
Os nossos "políticos" (não consigo escrever sem aspas) que deram cabo das nossas finanças e do nosso País, que não cuidaram do que deviam, na educação, na saúde, na justiça, e em vez disso gastaram o que tínhamos e o que não tínhamos em obras de luxo, nas auto-estradas, nas escolas da Parque Escolar, no TGV, no novo aeroporto, nas PPP nos hospitais, e acumularam dívidas na saúde, nas empresas de transporte, nos bancos, nas offshore, fechando os olhos aos negócios mais escandalosos, e dizimando os dinheiros públicos, chegaram a um bêco sem saída.
E o problema é que não têm mesmo saída! O País não tem saída! Não temos recursos humanos que possam alimentar um ressurgimento da nossa economia, não os há, as pessoas foram enganadas pelas Novas Oportunidades, faltam-nos empresários, e na melhor das hipóteses acontece-nos o mesmo que à Grécia. Aguentamos um ou dois anos, e resignamos.
Há que reconhecer que não é por aqui, que é preciso criar actividade económica, exportar (ou substituir importações), que é preciso debater ideias, entre nós e com os nossos parceiros, mudar o clima, atraír investidores. Como seria bom em vez da "ajuda" termos 78 mil milhões de investimento, realizado por gente interessada em ganhar dinheiro, e por essa via criar actividade, reduzir o desemprego, aumentar as exportações.
O problema está em como chegar aí, em como mudar o paradigma, ter ideias claras, arregaçar as mangas e criar a motivação para uma mobilização nacional que vença este marasmo a que hoje assistimos. Fazer em 3 anos o que não fizemos em 15 ou 20!
Mas se queremos estar na Europa, é este o caminho.
E o problema é que não têm mesmo saída! O País não tem saída! Não temos recursos humanos que possam alimentar um ressurgimento da nossa economia, não os há, as pessoas foram enganadas pelas Novas Oportunidades, faltam-nos empresários, e na melhor das hipóteses acontece-nos o mesmo que à Grécia. Aguentamos um ou dois anos, e resignamos.
Há que reconhecer que não é por aqui, que é preciso criar actividade económica, exportar (ou substituir importações), que é preciso debater ideias, entre nós e com os nossos parceiros, mudar o clima, atraír investidores. Como seria bom em vez da "ajuda" termos 78 mil milhões de investimento, realizado por gente interessada em ganhar dinheiro, e por essa via criar actividade, reduzir o desemprego, aumentar as exportações.
O problema está em como chegar aí, em como mudar o paradigma, ter ideias claras, arregaçar as mangas e criar a motivação para uma mobilização nacional que vença este marasmo a que hoje assistimos. Fazer em 3 anos o que não fizemos em 15 ou 20!
Mas se queremos estar na Europa, é este o caminho.
sábado, 7 de maio de 2011
Alguém fez as contas?
A troika, esses beneméritos que nos emprestam o dinheiro e nos pôem a trabalhar para o pagarmos de volta, e depressa, disse que o empréstimo deve ser pago em 10 anos.
Sendo o valor do empréstimo aproximadamente 50% do PIB, só isso, sem juros, sem mais nada, vale cerca de 5% do PIB por ano, que devemos retirar do nosso superavit para não voltarmos ao mesmo!
Resta-nos acreditar que nós, que nem uma única vez nos últimos 37 anos conseguimos um superavit por mais pequeno que seja, vamos agora conseguí-lo 10 anos seguidos! Grande performance!
Sendo o valor do empréstimo aproximadamente 50% do PIB, só isso, sem juros, sem mais nada, vale cerca de 5% do PIB por ano, que devemos retirar do nosso superavit para não voltarmos ao mesmo!
Resta-nos acreditar que nós, que nem uma única vez nos últimos 37 anos conseguimos um superavit por mais pequeno que seja, vamos agora conseguí-lo 10 anos seguidos! Grande performance!
sábado, 2 de abril de 2011
5 sextas, 5 sábados e 5 domingos
Volta e meia lá recebo uma mensagem, daquelas para enviar a pelo menos 10 amigos, com a notícia de que um mês que se aproxima vai ter 5 sextas, 5 sábados e 5 domingos, e que esta coincidência só acontece uma vez cada 823 anos!
Não sei quem fez estas contas, mas a frequência com que estas mensagens circulam deviam deixar desconfiados mesmo os mais ingénuos e crédulos...
Em primeiro lugar, 823 é um número primo! Não pode ser o resultado do cálculo de uma periodicidade qualquer.
Mas para além disso, basta pensar um bocadinho. Para ter 5 sextas, 5 sábados e 5 domingos, um mês deve ter 31 dias e deve começar numa sexta-feira. Como há 7 meses com 31 dias em cada ano, e o dia 1 de cada mês só pode ser um de 7 diferentes, parece mais ou menos óbvio que haverá em média um desses "misteriosos" meses em cada ano.
Vem já aí um, Julho de 2011, e os seguintes serão Março de 2013 e Agosto de 2014. Basta um calendário para ver.
Estes meses são muito desejados pelos comerciantes, pois são meses em que vendem mais. Daí serem conhecidos pelos meses "money bag". Se ocorressem só de 823 em 823 anos, ninguém reparava neles...
Não sei quem fez estas contas, mas a frequência com que estas mensagens circulam deviam deixar desconfiados mesmo os mais ingénuos e crédulos...
Em primeiro lugar, 823 é um número primo! Não pode ser o resultado do cálculo de uma periodicidade qualquer.
Mas para além disso, basta pensar um bocadinho. Para ter 5 sextas, 5 sábados e 5 domingos, um mês deve ter 31 dias e deve começar numa sexta-feira. Como há 7 meses com 31 dias em cada ano, e o dia 1 de cada mês só pode ser um de 7 diferentes, parece mais ou menos óbvio que haverá em média um desses "misteriosos" meses em cada ano.
Vem já aí um, Julho de 2011, e os seguintes serão Março de 2013 e Agosto de 2014. Basta um calendário para ver.
Estes meses são muito desejados pelos comerciantes, pois são meses em que vendem mais. Daí serem conhecidos pelos meses "money bag". Se ocorressem só de 823 em 823 anos, ninguém reparava neles...
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Que parva que é!
Esta ideia de um emprego para a vida, que paga um ordenado ao fim do mês, certinho, num mundo que não muda, é completamente irrealista, obviamente.
Estes empregos teriam de ser garantidos por muitas empresas grandes, pouco flexíveis, vivendo numa economia de regras obsoletas, empresas iguazinhas àquelas que vemos morrer todos os dias, e sem deixar saudade!
O mundo muda! Os gostos mudam! O consumo muda! Novas profissões surgem todos os dias, novas oportunidades são criadas todos os dias pelos mais preparados, por aqueles que pensam autonomamente e que acreditam neles próprios.
Na raiz do problema estão as expectativas geradas pelos políticos que nos seus discursos são capazes de prometer o impossível, de explorar a ignorância, e a crença infundada de jovens pouco habituados a pensar pela sua cabeça, e a decidir de acordo com as suas próprias opções.
Esta ideia que os une de que o Governo há-de e tem de resolver todos estes problemas é completamente anacrónica.
Assim, entretidos nas ficções das ondas no Facebook ou numa moda nos Morangos, ou mesmo numa palavra de ordem da esquerda radical, os mais novos esquecem-se de pensar na mudança necessária, e na sua contribuição para essa mudança, para a mudança que aqueles mais empenhados na resolução dos problemas do País procuram promover.
As soluções existem, mas exigem que se perceba como funciona o mundo hoje, que o trabalho que nos espera não será possivelmente aquele como que sonhamos, que essa utopia não existe!
Estes empregos teriam de ser garantidos por muitas empresas grandes, pouco flexíveis, vivendo numa economia de regras obsoletas, empresas iguazinhas àquelas que vemos morrer todos os dias, e sem deixar saudade!
O mundo muda! Os gostos mudam! O consumo muda! Novas profissões surgem todos os dias, novas oportunidades são criadas todos os dias pelos mais preparados, por aqueles que pensam autonomamente e que acreditam neles próprios.
Na raiz do problema estão as expectativas geradas pelos políticos que nos seus discursos são capazes de prometer o impossível, de explorar a ignorância, e a crença infundada de jovens pouco habituados a pensar pela sua cabeça, e a decidir de acordo com as suas próprias opções.
Esta ideia que os une de que o Governo há-de e tem de resolver todos estes problemas é completamente anacrónica.
Assim, entretidos nas ficções das ondas no Facebook ou numa moda nos Morangos, ou mesmo numa palavra de ordem da esquerda radical, os mais novos esquecem-se de pensar na mudança necessária, e na sua contribuição para essa mudança, para a mudança que aqueles mais empenhados na resolução dos problemas do País procuram promover.
As soluções existem, mas exigem que se perceba como funciona o mundo hoje, que o trabalho que nos espera não será possivelmente aquele como que sonhamos, que essa utopia não existe!
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Guia eleitoral
Constitucionalmente, o candidato para ser eleito tem necessariamente de obter mais de metade dos votos validamente expressos.
Vejamos então quais são as hipóteses de votação que restam a um cidadão:
Vejamos então quais são as hipóteses de votação que restam a um cidadão:
- não ir lá: contribui para aumentar a abstenção e dá um sinal de descontentamento relativamente ao regime em vigor;
- ir lá e votar branco: tem o mesmo efeito eleitoral que o anterior, pois não é um voto validamente expresso, não contribui para a abstenção, mas dá a ideia que qualquer candidato serve;
- ir lá e votar nulo: parecido com o anterior, mas dá a ideia que nenhum candidato serve;
- ir lá e votar num candidato: é o voto dos que sabem o que querem;
- ir lá e votar num candidato qualquer excepto naquele que não queremos: é o voto inteligente, é um voto validamente expresso, que aumenta a possibilidade de o candidato incumbente ter de nascer outra vez e lhe dá tempo para explicar as trapalhadas em que nos meteu e em que se meteu, com os seus amigos e vizinhos.
domingo, 16 de janeiro de 2011
Tristeza!
Olhando para o futuro próximo, para as eleições presidenciais, para os candidatos, para o governo, para o primeiro ministro, para a oposição, para as contas públicas, para o peso do estado, para os deputados, para os políticos, para a corrupção, para o que não fizemos nos últimos anos, para a oportunidade perdida, para este país de betão, de obras inúteis, de gente que vive da ignorância dos outros, de gente que nunca tem culpa, sinto uma enorme tristeza.
E fico como Vasco Pulido Valente, nas suas crónicas de ontem e de hoje na última página do Público, a fazer a apologia da abstenção e a pedir uma mudança do regime.
E fico como Vasco Pulido Valente, nas suas crónicas de ontem e de hoje na última página do Público, a fazer a apologia da abstenção e a pedir uma mudança do regime.
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