terça-feira, 16 de novembro de 2010

Precisamos de ideias novas!

O mundo mudou. As pessoas mudaram. A sociedade da informação e do conhecimento está aí. As pessoas têm outras preocupações, têm outra concepção de Estado, querem um governo com ideias, que perceba os seus problemas, que respeite os valores, e que mobilize e governe!
O primeiro passo é assim um programa credível, em que todos nós acreditemos, que utilize as nossas energias e os nossos saberes, que permita que cada um contribua com o seu trabalho para um futuro melhor. Dar para receber.
Um programa que defenda e ponha em prática a ideia de Trabalho Mínimo Garantido, o direito de cada um dispor de um trabalho para realizar e assim receber uma remuneração justa.
Simplificando, se numa população de 100 pessoas, 90 trabalharem 40 h/semana e 10 estiverem desempregadas, há trabalho para 100 pessoas a 36 h/semana, com uma remuneração de 90% da remuneração inicial, terminando a ideia aberrante de o Estado subsidiar o desemprego.
Os que têm trabalho cedem algum do trabalho que têm e perdem remuneração em igual proporção, em nome de uma situação mais sustentável e que seja um base para o crescimento mais sólido. Difícil de organizar e de realizar, mas valeria a pena. E até permitiria usar algum do tempo que sobraria em formação profissional avançada!
O Estado, que tão rapidamente descobriu o conceito de disponibilidade de serviço para remunerar as PPP que construiram as SCUT, remunerando a sua disponibilidade e não o seu uso, para satisfazer os parceiros privados, não pode deixar de olhar para os desempregados como pessoas disponíveis para trabalhar e credoras de igual tratamento.
É preciso romper com as ideias pré-concebidas e discutir novas ideias, de organização , de acesso ao grande mercado europeu de trabalho, que aproxime as disponibilidades das necessidades, nomeadamente em trabalhos que podem ser facilmente realizados à distância.
Aqui o Estado e a Europa poderiam claramente ajudar.
Comentem!...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

À deriva

Sem parlamento, sem presidente, sem justiça, sem governo, sem oposição, sem orçamento, completamente à deriva, nas mãos de partidos que jogam com o nosso destino, dos grupos económicos, das PPP, do estado paralelo, dos mercados, dos interesses, ignorantes, incultos, longe de tudo, devemos estar a bater no fundo. Depois, ou ficamos lá ou subimos devagarinho.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

200,482

200,482 Escudos por um Euro. Terá sido uma boa ideia? Em 1 de Janeiro de 1999 assim parecia, mas hoje nem por isso.
Já não me recordo que estudos suportaram aquele valor, mas a verdade é que instantaneamente os nossos próprios produtos ficaram caros e pouco competitivos, e começamos a importar em vez de produzir carne, leite, produtos agrícolas, reduzindo à pobreza, à dependência do Estado Social, milhares e milhares de portugueses.
Pensemos bem. Imaginemos que um litro de leite valia 80 Escudos. Passou a valer 40 cêntimos de Euro. Se a taxa de conversão tivesse sido, por exemplo, 250 Escudos por Euro, então teria passado a valer 32 cêntimos de Euro. Se na Espanha, aqui ao lado, valesse 36 cêntimos, no primeiro caso seríamos tentados a importar em vez de produzir, e no segundo iríamos produzir para exportar e ganhar dinheiro. É este o problema.
Teríamos ficado a ganhar menos em 1999, mas seguramente que já teríamos recuperado, com o crescimento da economia, com o menor peso do Estado Social, com a maior competitividade.
Reduzir agora os salários acaba por ser tentar rever aquela taxa de conversão. Só que já se causaram demasiados estragos. Irreversíveis!
Como é que tantos políticos, tantos especialistas, deixam que isto aconteça. Em nome de quê?

Nem sei se fale disto...

Tenho procurado não falar da crise que nos cerca, e da nossa incapacidade de lhe dar resposta.
Estou convencido de que temos aqui um problema muito sério, que vai ter uma solução dura, radical, nos tempos mais próximos.
Esta ideia de termos uma moeda única como nos Estados Unidos, sem sermos os Estados Unidos, é geradora de problemas muito complicados.
Lá, realmente, os Estados mais ricos e os Estados mais pobres usam o mesmo dólar e o sistema funciona, mas aquilo é um País, com um governo federal, com outras tradições, com cada americano habituado a lutar dólar a dólar, a arriscar, a ganhar e a perder e a voltar outra vez, com instituições nacionais, sem Bruxelas, sem Frankfurt, sem PIGS, sem Países ricos cujos bancos emprestaram à fartazana aos países pobres e agora querem que estes paguem os empréstimos com outros empréstimos mais gravosos.
Nós somos gente simples, que não percebe nada desses produtos financeiros complexos, que gastamos porque nos emprestaram aceitando as garantias que demos. Enganaram-se nas contas. E agora?
O bom seria não continuarmos a enganar-nos uns aos outros mais tempo. Seria sabermos o que realmente nos espera e quais são as alternativas, e decidirmos colectivamente, patrioticamente, o que queremos.
Podemos sair do Euro, e termos uma moedazinha para desvalorizar. Podemos ver a nossa economia ser absorvida por uma outra e com ela a nossa independência. Nem teria que ser a Espanha. Porque o principal, sermos um País de cidadãos formados e informados, isso vai demorar muito, muito tempo.
Precisamos de começar por encontrar os bons políticos, e esses são como o bom vinho, ou os golos do Ronaldo, só aparecem quando aparecem.
Nem sei...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Negociar em Marrocos e noutros países...

Há quem goste e há quem deteste. Eu gosto. Nunca tive nenhum problema.
E já me vi em muitas situações à primeira vista hostis, pelo menos aos olhos de um europeu que não esteja preparado para compreender o sistema de vendas destes povos, seja no Norte de África seja na Turquia.

Nunca, mas mesmo nunca se deve perguntar por um preço e depois simplesmente dizer obrigado e virar as costas. É um insulto grave. Quem pergunta, quer comprar, e tem de estar preparado para regatear, ou oferecer um preço, ou pelo menos dizer que é muito caro.
Mas nunca, mesmo nunca, force o seu preço. O vendedor normalmente faz questão em ser ele a fixar o preço final da transação, pelo que devemos deixar margem de manobra para esse jeitinho final. É uma questão de honra para ele.

Uma vez , no Grand Bazaar em Istambul, vimos um tapete que nos interessava. Antes de entrar, combinamos entre nós que pagaríamos 200 € pela peça. Depois perguntei o preço. 1000, disse ele. Muito caro, disse eu. 800, disse ele, porque eu era o primeiro cliente do dia... Muito caro, disse eu. Fez umas contas na máquina de calcular, e pediu 600. Já perdia dinheiro! Não, disse eu. Ofereça, disse ele. 200 euros, disse eu. Ficou zangadíssimo, disse asneiras, mas não me pôs na rua... 400, pediu, só para se ver livre de mim. Não. 350. Não. 300. Não. 250. Era a última oferta dele. Não, e viemos embora. Veio atrás de nós. 210?!
Aceitei. Não podia violar a regra de ser o vendedor quem fixa o preço. É o pequeno jogo de que eles tanto gostam. Claro que se fica sempre com a sensação de que eles é que ganharam no negócio, mas isso...

Outro jogo que os vendedores sempre jogam é o jogo das nacionalidades. Eles sabem que negociar com um português, um espanhol, um italiano, um russo, são coisas completamente diferentes, pelo que precisam dessa informação. E se lhes dificultamos o acesso à informação, eles não gostam... Portugais? Ronaldo. Mourinho. (os nossos valores em alta...)

Finalmente, eles usam todos os estratagemas para tentar vender, mas são completamente pacíficos; é sempre possível dizermos que não estamos interessados e virmos embora sem problema. Dois pequenos episódios, um em Agadir e outro em Marraquexe, assim o ilustram.

Em Agadir, estávamos no ClubHotel Riu Tikida Dunas e pedimos um taxi para irmos a um centro comercial conhecido. O condutor logo perguntou o que queríamos comprar, nós dissemos que só queríamos ir àquele centro, ele disse que conhecia um sítio fabuloso para tapetes, e perante a insistência dele, aceitamos ir lá. Era longíssimo, fora da cidade. Vimos. Dissemos que não gostámos de nada e dirigimo-nos para a porta. Lá estava o táxi, mas sem condutor! Vieram-nos dizer que tinha chegado a hora das orações e ele fora à mesquita. Passados uns longos minutos, chega uma carrinha com novas cores de tapetes, e logo a seguir, o taxista! Tinha sido um estratagema para nos forçar a esperar. Não compramos nada, e viemos embora.

Em Marraquexe, eramos seis, e numa daquelas ruas que dão acesso à praça de Djemaa El-Fna, um marroquino impecavelmente vestido de branco aproxima-se e convida-nos a ver o estabelecimento dele, que parecia ser apenas uma pequena sala. Oferece-nos chá de menta, e leva-nos, para uma sala, e uma segunda, e uma terceira, e ao primeiro piso, e a mais salas, mostra-nos coisas lindíssimas, mas parte do grupo começou a sentir algum pânico resultante do facto de não saber mais como sair da loja. Disse ao homem: não vamos comprar nada, lamento; pode-nos indicar a saída, por favor? Certamente, disse ele, e saímos.

Não devemos confundir o nosso próprio desconhecimento dos hábitos com insegurança.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O condutor de táxi

Foi na Tunísia, há seis anos.
Estavamos em Hammamet, muito perto de Nabeul, era quinta-feira, e no dia seguinte seria o famoso mercado de rua. Como se vai? Comboio, autocarro, táxi? Que diz a recepção do hotel? Não, é muito difícil. Vai muita gente. O melhor seria mesmo não ir...
No dia seguinte, pequeno almoço cedo, e rua, directos aos táxis vermelhos. Entramos, dizemos o destino, e lá vamos.
O condutor parecia simpático, e fazemos-lhe a proposta de nos vir buscar às 13:00, pagando nós antecipadamente a viagem. Fica surpreendido. Antecipadamente? Nem pensar! Pagam quando eu os vier buscar! Combinamos o local de encontro, e despedimo-nos.
Apesar de não termos ficado muito convencidos, às 13:00 lá estávamos. Muito gente, uma multidão. Cada táxi que chegava e largava passageiros era literalmente assaltado por dezenas de pessoas que precisavam de transporte. Até que chega "o nosso". Quase que desaparece rodeado de interessados. O condutor vê-nos. Olha para nós. E diz: "eu venho buscar aquelas pessoas!"
No caminho de regresso, contou-nos que estava a trabalhar desde as 4:00 da manhã, que só terminaria por volta das 20:00, tudo isto porque o sonho dele era um dia ser dono do seu próprio táxi. A meio do percurso, perguntou se não nos importavamos que parasse uns minutos, fez um ligeiro desvio, parou à porta de um supermercado e foi comprar o almoço.
Seguimos, chegamos ao hotel, pagamos e despedimo-nos. Uns 25 euros pelas duas viagens. E um condutor feliz, talvez porque acreditamos nele antes dele acreditar em nós.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Amor e desamor

As relações definem redes cujas propriedades podem ser estudadas com rigor a partir dessas relações. Interessantes são as redes de relações positivas e negativas: dois nós relacionados positivamente atraem-se e dois nós relacionados negativamente repelem-se. Amor e desamor.
Uma rede de relações positivas e negativas com três nós é muito interessante. Só tem três lados, e portanto só há quatro possibilidades: três relações positivas, duas positivas e uma negativa, uma positiva e duas negativas e três negativas. E o que acontece agora?
A primeira rede, com três relações positivas, é uma família unida, é estável, podem viver os três na mesma casa. A terceira rede também é estável, mas não unida. Origina duas subredes, uma com dois elementos, aqueles entre os quais há uma relação positiva, e outra com um único elemento, o caso isolado. E mesmo a quarta rede é estável, embora conduza a três subredes com um único elemento cada, cada um para o seu lado.
A segunda rede é instável, não há nenhum agrupamento de nós que produza uma solução estável, gera uma crise insolúvel enquanto uma das relações não mudar de sinal.
É um caso frequente no interior de muitas famílias: o Pai que se dá com a Mãe e com o Filho, o Filho que se dá com o Pai, e uma relação negativa entre Mãe e Filho. Não tem solução. Alguém tem de ceder: ou a relação negativa torna-se positiva, o que será raro, ou uma ligação positiva torna-se negativa, o que dá origem a duas subredes, uma com dois elementos e outra com um elemento. A separação.
Há um livro muito recente e muito interessante para se conhecer as regras a que estão sujeitas estas redes: Networks, Crowds and Markets, por Easley e Kleinberg. E que estuda o problema da instabilidade das redes de maiores dimensões, mais complexas. A ler, para aprender.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Afinal ainda não experimentei o A380...

Estou em Tokyo, a caminho de Osaka, para participar na INDIN 2010.
A Lufthansa, que adquiriu 6 Airbus A380, está desde 11 de Junho a fazer a ligação Frankfurt - Tokyo com este avião, pelo que desta vez havia um atractivo extra.
Só que o futebol gosta de atrapalhar as nossa vidas, lá como cá (ou cá como lá...). E não é que a Lufthansa, que já tinha feito o vôo inaugural dos A380 transportando a selecção alemã de futebol para a África do Sul, resolveu ir buscá-la outra vez de A380 e utilizou neste dia um velhinho Boeing 747-400 na ligação para Tokyo! E como muitos passageiros ficaram sem lugar, decidiu oferecer-lhes viagens alternativas e compensações que chegaram aos 600 € por pessoa!
Vamos lá ver o que nos espera no regresso...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Simplex!

Fui recentemente submetido a uma pequena cirurgia.
Na altura, enviei para o meu serviço cópias electrónicas da declaração de internamento e do atestado médico passado pelo cirurgião que me operou, e hoje fui entregar os documentos originais.
Surpresa! O atestado não serve! Tem de ser um atestado oficial.
O que posso fazer? O procedimento consiste em ir com aquele atestado ao meu centro de saúde - também servem a Clipóvoa, ou o Hospital da Arrábida - e pedir que me passem o atestado oficial. Ora aí está!
E assim de repente lá vou eu ter de pedir nem sei bem o quê. Nem percebo qual o papel do médico a quem o vou pedir - valida, certifica, apenas preenche o papel? O que me vale é que ainda tenho os pontos, que espero que sirvam como evidência...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Crise?!!!

Aprende-se em toda a parte. Mesmo numa fila de caixa do Pingo Doce...
Ouvi ontem esta conversa entre dois jovens que estavam exactamente atrás de mim, perto da hora de jantar:
(ele) Já sabes onde vais jantar?
(ela) Ainda não pensei...
(ele) Queres jantar lá em casa? Eu telefono à minha Mãe para comprar mais comida.
(ela) Se queres...
(ele) E nem vale a pena falar à minha Mãe. Ela compra sempre de mais. Ah! E outra coisa. Tenho aqui duas ou três coisas que te permitiam fazer umas massas.
(ela) Sim?
(ele) O meu Pai recebeu dois bilhetes para o Rock in Rio do banco dele e deu-mos. Valem 58 euros cada. Se quiseres tratar de vendê-los na net, fazes aí uns 100 euros, pelo menos. Tens é de ter cuidado na transacção. Vendes à cobrança.
(ela) Pois.
(ele) Então queres? Dou-tos logo.
(ela) Podias vendê-los tu, que sabes mais disso...
(ele) Queres ou não queres? Eu vendo, mas então fico eu com o dinheiro! Ou queres receber sem trabalhar?
(ela) Não sei. Vende tu.
(ele) Então? Não custa nada. Aprendes num instante.
(ela) É melhor não.
O pobre rapaz já nem revelou as outras coisas que tinha em mente...

Moral número 1:
Cá para mim ele era o alemão e ela a grega. Ele disposto a emprestar-lhe 116 euros se ela fôr capaz de fazer pelo menos 100 com eles...

Moral número 2:
Mas porque razão precisa ela de trabalhar? Não precisa dos 100 euros para nada... Vai jantar a casa dele e já está!

E uma confissão:
Eu também tinha direito a dois bilhetes gratuitos para o RiR, mas nem os levantei... É que a vida é muito mais que aquilo que estes bárbaros do Norte pensam!

domingo, 4 de abril de 2010

Revisitar Seoul

Hoje estive a experimentar a nova possibilidade que o MEO oferece de associar uma conta fotos.sapo.pt a uma conta MEO. É interessante, pois é possível associar a mesma conta de fotos a múltiplas contas MEO e assim partilhar fotos de um modo controlado. A qualidade da imagem não é famosa, mas aceita-se e certamente que vai melhorar de forma acelerada.
Escolhi para experimentar uma selecção de fotos que fiz em Seoul há cerca de dois anos

e de repente dei comigo a pensar naqueles dias na Coreia do Sul. Dias de calor, de chuva e de manifestações. Muito calor, muita chuva e muitas manifestações.
Fiz a viagem como gosto. Porto-Frankfurt-Seoul e volta. Hotel President em Seoul. Depois um salto a Daejeon para uma conferência e regresso a Seoul. Em Julho, quente em todos os sentidos, em plena crise da carne. Manifestações duras, duríssimas. Tudo gente nova, manifestantes e polícias. Barreiras de autocarros quase intransponíveis. Zonas inacessíveis.
Cheguei a Seoul por volta das 11:00 horas locais. Verifiquei logo que o meu telemóvel não tinha roaming. Ainda no aeroporto arranjei moedas e tentei uma cabine telefónica. Nada. O que vale é que rapidamente alguém me avisou que a cabina que eu estava a usar só funcionava com as moedas antigas e me ensinou a resolver o problema.
Como de costume, fui de autocarro para o hotel. Tudo como o Google tinha previsto. O hotel ali mesmo em frente. O único óbice foi mesmo a barreira de autocarros da polícia entre a paragem do autocarro e o hotel. Absolutamente intransponível, pois os autocarros estavam encostados uns aos outros. Um polícia logo me explicou que teria de ir até ao fim da barreira e voltar pelo outro lado...
Seoul é uma cidade fantástica. Cheia de vida e de cor. Mesmo quando chove muito. Agitada, ferve. Para além das terríveis manifestações contra a importação de carne bovina dos EUA, vi manifestações de apoio ao Falun Gong, de protesto contra a Coreia do Norte, religiosas, folclóricas, todas levadas a sério, explicadas a todos, incluindo os turistas como eu, em absoluto respeito.
Seoul é Coreia. Coreia é Ásia. Outra civilização. Muito antiga. Muito paciente. Com gente nova que trabalha e que sabe o que vale. Que leva a educação a sério. Muito a sério. Desde a primeira escola. Que constrói o futuro.
Apesar das manifestações. Ou não fosse frequente à noite manifestantes e polícias se encontrarem todos nos mesmos restaurantes...

quarta-feira, 24 de março de 2010

E a espuma não pode entrar na cabina do avião?

Nos aviões gosto de despachar a minha bagagem. Não tenho que me preocupar com os líquidos, nem de a carregar enquanto espero pelo embarque, embora no destino tenha sempre uma boa espera à minha espera, mesmo que não tenha havido extravio. As minhas malas costumam ser sempre das últimas a chegar ao tapete...
Ontem, em Frankfurt, tinha à minha espera um amigo que viajara num vôo anterior, e para não o fazer esperar mais tempo, decidi levar a minha bagagem para a cabine. Apresentei-me no ponto de verificação do Aeroporto Francisco Sá Carneiro com os líquidos num saco transparente, o laptop fora do saco, sem casaco nem gabardine, nada nos bolsos, um cinto pacífico, uns sapatos de confiança, daqueles que não apitam nunca. Lá passei silencioso, fui recebendo os meus items todos, até que... a minha espuma da barba numa bolsa transparente dentro da minha mala chamou a atenção dos zelosos funcionários:
- Isto não pode passar!
- Porquê? Não é um líquido...
- Não interessa, não pode passar!
- Pronto, ok, eu meto isso no meu saco transparente.
- Também não pode!
- Porquê?
- Porque tem mais de 100 ml (o máximo por frasquinho).
- Mas não tem, está quase no fim...
- Não interessa, aqui fora diz 200 ml, e portanto não pode passar.
Confesso que não tive paciência para mais, dispensei o zeloso funcionário do auto que me permitiria recuperar a minha espuma no regresso, pensei que o sabão do hotel até seria capaz de ser uma boa solução alternativa, e fui.
Num avião mais seguro, porque a minha espuma suspeita tinha felizmente sido detectada e ficado retida em terra...

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Pobre País...

Andamos todos a falar do que não interessa ou do que não sabemos, e o problema essencial mantem-se... É que o problema essencial não é saber se há liberdade de expressão ou não, mas sim se temos um governo capaz ou não.
E tudo indica que não. Como já sabemos há muito tempo, aliás. São demasiadas as trapalhadas, as histórias mal contadas, as nomeações para a máquina do Estado, as tentativas de alargar a sua influência, as assessorias, os milhões, as pressões, as irritações, para podermos acreditar que temos um governo em que podemos confiar.
Os problemas que temos pela frente são tão sérios e tão complexos que passam pelo âmago da organização social, do modelo económico, da relação de cada um com a sociedade. Está na ordem do dia saber antecipar as mudanças!
Infelizmente, parece óbvio que nada ainda foi feito para começar a debelar esta grande crise económica e social em que mergulhamos. Nem cá dentro nem lá fora. Ou alguém acredita que as mesmas organizações, os mesmos intérpretes, vão ser capazes de dar resposta a estes problemas?
Eu não!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Afinal quem disse que a justiça não funciona?

Hoje, vinha eu na VCI de regresso ao trabalho quando o telemóvel tocou.
Vi quem era. Pareceu-me importante. E atendi...
"Noto que está no carro. Tem altavoz, ou mãos livres?" "Não tenho, mas pode falar, desde que seja rápido." De repente, senti a luz azul no meu lado esquerdo, ouvi uma sirene, e não disse mais nada, só um "fui apanhado!"
A Honda colocou-se à minha frente, um dedo apontou para o lado direito, e segui-a. Andou umas centenas de metros devagarinho, até que chegou à zona tracejada junto à saída para a rotunda de Francos. Paramos aí mesmo, carros a passar pelos dois lados.
O chefe N. de S. aproximou-se, cumprimentou, pediu os documentos, enquanto eu lhe ia dizendo que bem... o telefone tinha tocado e eu não tinha resistido... sabia que era proíbido mas... Não adiantou. Rapidamente me explicou que a infracção era grave, que não havia perdão, mas que se eu fosse delinquente primário e pagasse a coima voluntariamente na hora, teria a pena mínima: multa de 120 € e 30 dias de inibição de conduzir, esta pena suspensa durante seis meses.
Perguntei-lhe como me tinha apanhado, ele contou-me uma história de abutres e presas (sic) e explicou-me como usou o espelho retrovisor exterior do meu carro para ver o que eu estava a fazer. Mas apesar de ser um verdadeiro gentleman, o chefe N. de S. não me leu os direitos, não me sugeriu que ligasse ao meu advogado, e apenas quis saber se tinha comigo dinheiro suficiente ou se tinhamos de ir a uma caixa Multibanco.
Paguei, recebi de volta os documentos e o recibo, o chefe N. de S. despediu-se com um "foi um prazer!" e ajudou-me a reentrar na VCI. Olho pelo retrovisor, e vejo que já tinha mandado parar outro carro, que aparentemente tinha pisado o risco contínuo ali mesmo. Outra presa...
Entretanto fiz umas contas. Se todos contribuíssemos com 120 € uma vez por ano, isto dava uns 1200 milhões de € por ano. Que bela contribuição para a redução do défice nacional! Olhei para os 120 € como a minha parte, e ajudou-me a digerir a coisa...
Logo a seguir, ouvi na rádio que o Cristiano Ronaldo por dois míseros jogos de suspensão, por ter partido um maxilar de um colega de profissão, tinha sido multado em 600 €, cinco vezes mais. Eu, 30 dias, 120 €. Até tive sorte!...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

As surpresas do comércio internacional

Perdi há uns dias o estilete do meu 'velho' Qtek S200, e fiquei a escrever com os dedos. O telefone trazia 2, e este era o segundo.
Fui directo à Pixmania, que me cobrava 3 € mais 14.28 € de transporte por um pack de 3. Carote... Passei pela Fnac em Passos Manuel, onde me informaram que o produto estava descontinuado, mas arranjavam-me um sucedâneo, tipo linha branca, por 13.95 €. Ainda experimentei, mas não encaixava nada bem no meu telemóvel...
Fui ao ebay pesquisar. Montes de ofertas. Entre as quais esta. 2.88 USD por 3 peninhas, free shipping! Paguei com o meu Paypal, que me cobrou 2.07 €. E fiquei a pensar se seria verdade. Talvez. Deviam certamente vir da China, misturadas com as mercadorias que abastecem os armazéns e os restaurantes, e seriam entregues em mão, pelo empregado de um destes estabelecimentos. Sei lá! Por aquele preço....
Chegaram hoje! Direitinhas. Vindas de onde? Da Nova Zelândia! Auckland. Bem embaladas. Por avião. New Zeland Post. Iguaizinhas às originais. Ficaram-me por 0.69 € cada.

Não dá mesmo para perceber...

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Entramos na segunda década do terceiro milénio? Não!...

Isto de contar em múltiplos de 10, de 100 ou de 1000 afinal é mais complicado do que parece, e volta e meia lá aparecem as confusões. Servem para vender uns jornais e uns programas de TV, para uns twits enganadores, para umas tiradas no Facebook, mas não alteram as regras.
É certo que quaisquer 10 anos são uma década, quaisquer 100 anos são um século e quaiquer 1000 anos são um milénio. Acabou um agora mesmo, no momento em que escrevo isto. O que se iniciou há exactamente mil anos, às 12:54 do dia 1 de Janeiro de 1010.
Agora, o terceiro milénio do nosso calendário segue-se ao segundo, e este ao primeiro, que se iniciou no dia 1 de Janeiro do ano 1 (Gregório XIII não pensou num ano zero...). O segundo começou no d1a 1 de Janeiro do ano 1001 e o terceiro começou no dia 1 de Janeiro de 2001. E a primeira década do terceiro milénio começou também nesse dia, pelo que só termina no dia 31 de Dezembro de 2010. Falta um ano.
Costumamos falar nos anos 60 para nos referir à década que se iniciou em 1 de Janeiro de 1960 e terminou em 31 de Dezembro de 1969, por exemplo. Está certo. Mas atenção que esta não é a 97ª década do segundo milénio, pois essa iniciou-se exactamente um ano depois. Isto, se quisermos chamar as coisas pelos nomes certos...
Lembro-me desta discussão há 10 anos, quando algumas pessoas decretaram a entrada no terceiro milénio nesse dia.